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Adilson Alves

Sobre gralhas, leitura, escrita e enxertos

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Finalizei a coluna anterior afirmando que na escola "Treina-se muito para uma modalidade olímpica inexistente". A objeção que se pode levantar é simples: melhor treinar para algo inexistente do que não treinar nada. É verdade. Entretanto, melhor que isso, e para sairmos dessa linguagem figurada, seria admitir que o papel da escola – pontualmente as aulas de língua portuguesa – é criar situações para que a leitura e a escrita sejam de fato atividades enriquecedoras para os estudantes. O que, infelizmente, não se verifica muitas vezes.

Para ir adiante com meu raciocínio, faço citação de uma passagem do ensaio "O parlamento das gralhas", de Altair Pivovar – provavelmente um dos mais bem realizados textos sobre o tema escrita e leitura na escola. Lemos: "o papel da didática consiste em fundamentar o esforço do professor em desencadear a necessidade de um conhecimento, não em explicá-lo".

Eis um equívoco que ainda persiste na sala de aula: a escola se preocupa excessivamente com os fins e pouco com os meios para alcançá-los. Daí o predomínio da "explicação". A leitura e a escrita não entram na vida do estudante como uma necessidade para resolver um problema.

Dou um exemplo.

Muitos de nós da área de português trabalhamos com o gênero resenha. Ótimo. Mas de cara já explicamos suas marcas formais, já mostramos alguns modelos. Aí o aluno começa a repetir, a treinar. Já vamos direto ao fim, sem antes desencadearmos a necessidade de um conhecimento. E tanto a leitura quanto a escrita devem ser respostas concretas a problemas concretos. Não meras formalidades. Do contrário, pomos em ação a pedagogia do "enxerto".

Finalizo com indicação da fonte usada. O modo rápido é pelo Goo­gle. Basta digitar o nome do autor e do artigo e baixar. Está na edição número 20 da revista Educar em Revista, Editora da UFPR.

Leitura enriquecedora.

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