Finalizei a coluna anterior afirmando que na escola "Treina-se muito para uma modalidade olímpica inexistente". A objeção que se pode levantar é simples: melhor treinar para algo inexistente do que não treinar nada. É verdade. Entretanto, melhor que isso, e para sairmos dessa linguagem figurada, seria admitir que o papel da escola pontualmente as aulas de língua portuguesa é criar situações para que a leitura e a escrita sejam de fato atividades enriquecedoras para os estudantes. O que, infelizmente, não se verifica muitas vezes.
Para ir adiante com meu raciocínio, faço citação de uma passagem do ensaio "O parlamento das gralhas", de Altair Pivovar provavelmente um dos mais bem realizados textos sobre o tema escrita e leitura na escola. Lemos: "o papel da didática consiste em fundamentar o esforço do professor em desencadear a necessidade de um conhecimento, não em explicá-lo".
Eis um equívoco que ainda persiste na sala de aula: a escola se preocupa excessivamente com os fins e pouco com os meios para alcançá-los. Daí o predomínio da "explicação". A leitura e a escrita não entram na vida do estudante como uma necessidade para resolver um problema.
Dou um exemplo.
Muitos de nós da área de português trabalhamos com o gênero resenha. Ótimo. Mas de cara já explicamos suas marcas formais, já mostramos alguns modelos. Aí o aluno começa a repetir, a treinar. Já vamos direto ao fim, sem antes desencadearmos a necessidade de um conhecimento. E tanto a leitura quanto a escrita devem ser respostas concretas a problemas concretos. Não meras formalidades. Do contrário, pomos em ação a pedagogia do "enxerto".
Finalizo com indicação da fonte usada. O modo rápido é pelo Google. Basta digitar o nome do autor e do artigo e baixar. Está na edição número 20 da revista Educar em Revista, Editora da UFPR.
Leitura enriquecedora.
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