Um leitor afirma que algumas escolas estão fazendo péssimo negócio ao trocar os livros pelos jornais. Transcrevo trecho de seu e-mail, já com a devida permissão: "Quase toda semana, alguns professores dão como tarefa a meus filhos, que estudam em escola particular, a leitura de matérias jornalísticas; muito raramente pedem a leitura de um livro". Desnecessário dizer que nem passa pela minha cabeça julgar trabalho alheio, certamente aprovado pela escola.
De minha parte, creio que jornais e livros podem circular no espaço escolar sem nenhum conflito, sem necessidade de excluirmos estes em favor daqueles e vice-versa.
Conheço professores que desenvolvem excelentes trabalhos usando jornais. Por serem escritos em linguagem mais acessível, jornais normalmente são usados como meio de os alunos se localizarem no assunto. Consegue-se, digamos, uma visão mais panorâmica. É produtivo que os estudantes tenham esse ponto de partida. Porém chega um momento em que é preciso avançar, aprofundar determinados assuntos, buscar falas mais especializadas. Aí os livros são insubstituíveis.
Ainda sobre o uso de jornais, cabe destacar que podem funcionar como ótimo material para que se trabalhem tópicos de escrita, de norma culta, de clareza, precisão, concisão, organização de parágrafos etc. Tudo com muito senso crítico, com bom planejamento. No mais, não nos custa lembrar: uma resenha sobre um romance não substitui a leitura do livro.