Na coluna passada transcrevi a explicação dada pelo Manual de Redação do jornal O Estado de S. Paulo quanto ao emprego obrigatório de vírgulas para isolar aposto que indica nome do detentor de um cargo que pode ser ocupado por apenas uma pessoa. Sintetizo com este exemplo: "O técnico do Coritiba, Dorival Júnior, está satisfeito com o desempenho do ataque". Como apenas uma pessoa pode deter o cargo de técnico do Coxa num determinado momento, isolamos o nome "Dorival Júnior" com duas vírgulas.
Eis que surgiram algumas dúvidas. Por exemplo: e se Dorival Júnior não fosse mais o técnico do Coxa, mas sim ex-técnico?
Simples. Baseando-nos na explicação do manual do Estadão, não cabe o uso de vírgulas, pois mais de uma pessoa pode ser "ex-alguma coisa". Peguemos exemplos da política paranaense para ilustrar.
Até poucos dias, Beto Richa era prefeito de Curitiba. Não é mais. Portanto: "O ex-prefeito de Curitiba Beto Richa viajou ontem para Londrina". Luciano Ducci agora é o prefeito da capital do Paraná. Donde: "O prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, esteve em Santa Felicidade".
Se vale para Richa e Ducci, também vale para Requião e Pessuti. Exemplos: "O ex-governador do Paraná Roberto Requião viajou ontem para Londrina". Mas: "O governador do Paraná, Orlando Pessuti, esteve em Santa Felicidade".
Mesmo sabendo do perigo das analogias, cuido que, na dúvida, podemos tomar como referência aquele famoso enunciado da Física de que "dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo". Transpondo-o ao nosso assunto de hoje, temos o seguinte: quando mais de uma pessoa pode exercer a mesma função, não usamos vírgula; quando apenas uma pessoa pode exercer tal função, usamos vírgula.
Por enquanto é isso. Na próxima coluna, falarei sobre outros usos de vírgula.
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