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Uma questão enviada por um concurseiro: "Alguns estudiosos da nossa língua aceitam tanto a construção ‘vende-se casas’ quanto ‘vendem-se casas’ como corretas". Diante disso, me pergunta o que fazer em uma prova de concurso.

A resposta é simples: opte sempre pelos materiais mais normativos, aqueles que definitivamente não trazem reflexão sobre o nosso idioma. No caso específico, a não ser que o concurso seja para professores de Língua Portuguesa (e ainda vai depender do enunciado), a construção "vende-se casas" se desvia da norma aceita. Portanto, está errada.

Aos leitores que estão há muito tempo distantes desse ponto gramatical, repasso a explicação normativa. Em outra oportunidade, aprofundo a questão.

Analisemos a construção "Vendem-se casas".

Aqui, temos um verbo transitivo direto. Verbos transitivos diretos regem complementos sem auxílio de preposição. Por exemplo: "Eu vendi uma casa". Verbos transitivos indiretos (ou relativos) regem complementos por meio de uma preposição selecionada pelo verbo. Por exemplo: "A obra precisa ‘de’ mais operários" (o verbo "precisar" seleciona a preposição "de"). A primeira dica, portanto, é saber se construções do tipo "precisa-se" e "vende-se" são formadas por verbos transitivos diretos.

Se forem formadas por transitivos diretos, o próximo passo é observar se a palavra após o "se" está ou não no plural. Se estiver no plural, o verbo vai para o plural, pois o termo após o "se" será interpretado como sujeito. E verbo e sujeito (regra básica) sempre devem estar em relação de concordância. Donde: vendem-se CASAS na praia, vende-se CASA na praia, alugam-se APARTAMENTOS, compram-se CARROS USADOS, contratam-se ENGENHEIROS, contrata-se ENGENHEIRO – e por aí afora.

Quando temos verbos transitivos indiretos, deixamos sempre no singular: precisa-se DE engenheiros, trata-se DE questões importantes para nossa economia.

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