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Um leitor confessa que fica extremamente incomodado com o fato de muitos brasileiros não fazerem a concordância conforme nos é ensinada pelas gramáticas normativas. Ele cita exemplos do tipo "nós vai" e "os jogador". Pediu que eu trouxesse a questão para os leitores, que desse minha opinião sobre o assunto. Seguem alguns pontos que discutimos na nossa produtiva troca de e-mails.

A primeira questão que podemos destacar é que os exemplos dados são de registros falados, e as gramáticas normativas, mesmo as excelentes, não focalizam a língua falada, mas sim uma imagem de língua escrita, quase sempre distante da realidade. Aprendemos, por exemplo, que o correto é escrever "vendem-se casas". Mas não consigo pensar em que contexto alguém vai falar algo assim – excetuando é claro os exemplos que damos nas aulas de português. Mesmo quando consideramos apenas os textos escritos, fica escancarado o quanto algumas gramáticas estão desatualizadas. Embora haja mérito inegável no trabalho de muitos gramáticos, reina a preguiça absoluta de um monte de gente que teima em repetir as mesmas lições que podiam ter sentido aos gregos, mas nenhuma aos troianos.

Outro ponto que discutimos é que, de fato, há situações em que somos bastante monitorados quando falamos. Portanto, devemos ter muito cuidado com algumas construções. Qualquer coisa do tipo "hoje a gente estamos aqui para falarmos de assuntos importante" (algo quase improvável de acontecer) ou "houveram mudanças significativas nesse semestre" (isso sim bem provável) pode nos trazer uma baita dor de cabeça. No entanto, quase todos os exemplos de construções consideradas verdadeiros "atentados contra nossa língua" podem e devem ser analisados como possibilidades dessa própria língua. E aí, conforme o contexto, julgamos se são ou não são adequados.

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