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Na última crônica do ano, faltando três dias para uma nova década, vou começar falando do que realmente tem sentido para mim neste mundo louco e sem porteira: o Clube Atlético Paranaense. Para quem vinha há anos sofrendo o desespero de todo final de campeonato para não cair na vala sem fundo da série B, o Atlético foi a sensação de 2010. E começou mal, prometendo um repeteco dos anos anteriores, raspando o fundo da tabela. Pouco a pouco, foi se erguendo caprichoso, morrinha, econômico, sovina para fazer gol, sempre suado e sofrido, em jogos de matar do coração, enquanto a defesa carregava o time nas costas. O time ganhava mais por não levar do que por fazer. A inteligência de Paulo Baier quase nunca encontrava na frente alguém para o arremate feliz. Mesmo assim, fomos lá para cima – ouso dizer que, se tivéssemos um só atacante com sorte, o Atlético disputava o título palmo a palmo nas últimas rodadas.

Que em 2011 o time não acabe desmantelado e tenha de começar tudo de novo. Bem, Neto e Paulo Baier continuarão conosco, o que é uma garantia maravilhosa. E com a volta do Coritiba à série A, depois de um campeonato impecável, o novo ano vai ganhar um tempero especial. Que seja um ano com muita paz e muito gol.

No mais, revi minhas promessas de um ano atrás para conferir se sou homem de palavra. Não sou. Havia prometido emagrecer cinco quilos em doze meses, o que daria nos meus cálculos otimistas um ridículo consumo a menos de 14 gramas por dia. Pois nem isso consegui – conferi na mesma balança, bem reguladinha, e não saí do lugar; nem um grama a mais ou a menos. Pois, espírito de jogador, renovo a aposta para o próximo ano. E, fazendo parte do pacote saúde, prometo caminhadas suadas e intermináveis, daquelas de quem parece ter culpas a purgar. Nem invoco a grandeza dos atletas – basta o exemplo de Dalton Trevisan, caminhante incansável pelas horrendas calçadas de Curitiba, e, desgracido, um livro bom depois do outro. Quero também viajar menos e sossegar mais – e retomar toda a pilha de livros que fui deixando todos os meses pela metade, para zerá-los. Pretendo também reservar um bom tempo para realmente fazer nada, o velho sonho utópico do ócio criativo, de que muito ouvi falar, mas de que nunca cheguei perto.

Finalmente, como todo bom brasileiro, torço para que o país dê certo, ainda que cada um tenha sua receita. Eu não tenho mais nenhuma – ao saber do novo ministério, parecia que eu estava lendo jornal velho, mas não quero antecipar palpites. Vai apenas um desejo – que nossa brava presidente Dilma se livre da sombra de Lula e assuma o governo, por sua conta e risco. Tudo pode ser terceirizado, exceto o poder.

E aos meus poucos, porém fiéis leitores, um abraço grande e os votos de um belíssimo 2011.

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