Já contei várias vezes nesta coluna o quanto sou adepto de novidades tecnológicas e quinquilharias eletrônicas. Sempre fui um fanático por computador, e comecei não pelo windows 7, como esse povo mimado de hoje, mas aprendendo linguagem DOS naqueles monitores de fósforo verde que pareciam painéis da Nasa em filmes dos anos 60. Lembro-me do primeiro caixote que desembarcou aqui em casa, um cérebro eletrônico sem disco rígido (se dizia "winchester" naqueles tempos antiquíssimos) e com duas fendas para duas bolachas flexíveis, os tais disquetes. Custou uma fortuna, e via contrabando (acho que meu crime já prescreveu), porque naqueles anos do final da ditadura a inteligência que governava o país considerava o computador uma máquina perigosa e ameaçadora, que haveria de corromper a nossa indústria e destruir a segurança nacional entrar no Brasil com um computador disfarçado era mais perigoso que traficar cocaína. Se naquela época cuidassem da cocaína e liberassem o computador, o Brasil estaria bem melhor hoje.
Ao testar aquela coisa, senti ganas de voltar à máquina de escrever, mas controlei o impulso e nunca mais parei. Hoje sou macmaníaco e considero Steve Jobs o homem do milênio; peguei até aquela arrogância típica, o nariz empinado, o queixo erguido dos felizes proprietários de mac que, diante de um windows qualquer, fazem um muxoxo de desprezo diante de tanto primitivismo tecnológico.
Pois bem, todo esse introito teve a intenção de dizer que não sou um velho careta que entra em pânico diante dos botões de um controle remoto qualquer. Costumo ir em frente e desvendar as necessidades que eu nunca tive, mas que agora são de uma urgência urgentíssima ou a vida perderá sentido. Mas só parei num limite: na área da comunicação, tudo que veio depois do e-mail não me interessa. Orkut, Facebook, Linkdin, Quepasa e quejandos, as tais redes sociais que hoje movem o mundo, tudo isso me é infinitamente indiferente. Passo a manhã deletando convites para entrar nessas redes, partilhar fotografias, fazer listas de amigos, trocar mensagens. Se o paciente leitor já me convidou para essas redes e estranhou meu silêncio, aqui vai a explicação: é coisa demais para mim. Prefiro o velho e bom e-mail, que lembra vagamente as cartas que passei a vida escrevendo e que me ensinaram a escrever quem quiser me dizer algo, que mande um e-mail.
Agora a última moda é o tuíter. Na verdade, já faz tempo. Bem, nunca abri, li ou escrevi um tuíter na vida. Sei que tem no máximo 140 caracteres, o que faz de Dalton Trevisan o precursor universal do tuíter, antes mesmo de existir computador. Sei também que os tuíteres têm "seguidores", como num jogo; e já comprovei que há intrépidos "perseguidores". Pois bem, acabo de inventar a categoria dos "fugitivos". Fui.
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