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Como já estou me tornando um velho ranzinza, cada vez mais gosto menos de sair de casa. Penso em recusar convites só pelo prazer de ficar no sofá da sala, colando figurinhas no álbum do Campeonato Brasileiro e lendo o caderno de esportes, pensando todos os dias numa solução milagrosa para o Atlético não cair para a série B. Meu filho Felipe sempre tem soluções mágicas, que ele propõe do nada estalando os dedos: "E que tal se a gente contratasse o Ronaldinho Gaúcho? Ideia boa?" Tudo em nome de uma imaginária irmandade rubro-negra, que reuniria o nosso Atlético cheio de glórias, o goianense, o Sport de Recife, o Flamengo, o Milan da Itália e, pegando uma carona, até o Internacional, que tem camisa vermelha. Bem, se jogando o que joga o Ronaldinho não está conseguindo dar jeito no Flamengo, não sei como ele se sairia por aqui. Mas não desanimo o Felipe, e garanto com fé: "Fique tranquilo que a gente vai conseguir com o nosso plantel mesmo!"

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A partida contra o Palmeiras eu não vi, engarrafado na Bienal do Livro do Rio de Janeiro. Havia tanta gente que às três da tarde tiveram de fechar o estacionamento. Mais tarde, faltou água e o sistema de cartão de crédito caiu. Diziam os especialistas que, pela primeira vez, montar um estande na Bienal deu lucro de fato, com aquelas filas imensas diante dos caixas. Eu esperava o pior. Para o Atlético, é claro, que andava meio pessimista, não para a Bienal. Participei de um ótimo café literário com Adriana Lisboa e Luiz Ruffato, falando justamente sobre "vida de escritor", e por um ato falho quase me referi à vida de torcedor. Bem, vida de escritor, para mim, tem sido pular de um hotel para outro. E quando finalmente saí da Bienal para jantar, mal aproveitei o badejo grelhado, remoendo-me sobre como andaria a partida – não transmitiam o jogo no restaurante.

No hotel, soube do empate e fiquei tranquilo. Grandes esperanças. Se o time levou um gol e reagiu, e levou outro e reagiu de novo, não está morto. E com um jogador a menos. A recuperação do Atlético – sonho com uma manchete futura – será o fato mais sensacional do ano. Já estou com a crônica prontinha na minha cabeça, mas não escrevo agora para não dar azar. Dali fui a São Paulo, onde participei de um evento chamado muito a propósito "Encontros de Inter­­rogação", debatendo produção literária contemporânea. E participei de uma série de entrevistas sobre personagens brasileiros, comentando o vampiro de Curitiba, o imortal Nelsinho de Dalton Trevisan. De novo em casa, tive a alegria de ver a vitória do Atlético, em que Guerrón renasceu das cinzas e, mesmo com um a mais e uma pressão sem fim, o Flamengo só conseguiu um gol ajeitado com a mão. A vida continua: esta semana tem uma grande Semana Literária na Santos Andrade, com Feira de Livros e encontros com escritores de manhã e à noite. E, domingo, enfrentamos o Figueirense.

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