Assim como as sete pragas do Egito, o século 21 também tem os seus novos flagelos: 1) os zumbis do smartphone; 2) as levas de turistas chineses; 3) o vírus do Facebook; 4) a fobia do glúten, da lactose e do sobrepeso; 5) os exterminadores de chargistas; 6) os corruptos de esquerda; e, numa mutação avançada dos pichadores, a praga dos black blocs.
Os nossos black blocs estavam munidos de maria-mole e muitos deles sangravam capilé de framboesa
“Incredibile!”– dizem os italianos. É incrível, mas a peste black bloc se tornou multinacional. Foram esses globetrotters que no dia 1.° de maio provocaram confrontos violentos entre as forças de segurança e a marcha de 30 mil opositores à Expo Milão 2015, contra o gasto de dinheiro público no evento, principalmente porque o governo defende medidas de austeridade que afetam trabalhadores. Fanáticos da ordem do quanto pior melhor, cerca de 500 mascarados devastaram o centro de Milão, quebrando vitrines de lojas e incendiando carros e lixeiras, causando prejuízos de mais de 3 milhões de euros.
(Em tempo: não são os mesmos mascarados que provocaram a batalha do Centro Cívico, pois, como se viu depois, os nossos black blocs estavam munidos de maria-mole e muitos deles sangravam capilé de framboesa.)
Como resposta civilizada, no dia seguinte ao vandalismo, 15 mil milaneses foram às ruas limpar a cidade manchada a ferro, fogo e tinta spray: “Nessuno tocchi Milano”, era o grito dos defensores da cidade.
Apesar da barbárie oriunda da Comunidade Europeia – com as autoridades em dificuldades legais de enquadrar os encapuzados estrangeiros –, até a inauguração foram vendidos 10 milhões de ingressos e a expectativa é que a Expo 2015 atraia mais de 20 milhões de pessoas até outubro.
O papa Francisco não é black bloc mas é pop. Através de uma mensagem de vídeo, na abertura da megaexposição com o tema “Alimentar o planeta” até ele criticou o fato de o evento dedicado ao desenvolvimento sustentável e à alimentação dos mais pobres depender de grandes corporações: “De algumas maneiras a própria Expo é parte do paradoxo da abundância, que obedece a cultura do desperdício e não contribui para um modelo de desenvolvimento sustentável e equitativo”, disse o pontífice, ressaltando que os verdadeiros protagonistas da exposição deveriam ser “os rostos de homens e mulheres que têm fome, que adoecem e mesmo morrem devido a uma dieta insuficiente e nociva”.
No espaço de mais de 1 milhão de metros quadrados, entre os pavilhões de dezenas de países, o mais concorrido é o divertido acesso inclinado ao pavilhão do Brasil, fazendo o visitante mexer as cadeiras para atravessar uma gigantesca rede de futebol estendida na horizontal, com curvas e inclinações. A passarela de cordas trançadas, que encanta a juventude e apavora os idosos, sugere que o principal quesito para se conhecer o Brasil é aprender a rebolar. Em todos os sentidos.
“Incredibile!” – dizem os italianos.
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