Com toda a autoridade de quem desceu dos Campos Gerais para Curitiba, o publicitário Sérgio Mercer dizia que o curitibano não vai à praia; curitibano desce. E, explicava o Barão de Tibagi, o verbo descer tem aqui uma importância fundamental: "Você desce da gravata, a madame desce de salto alto, desce uísque e caipirinha goela abaixo, descem engradados de cerveja, desce o calção para fazer xixi no mar, desce a autocrítica, desce a lenha no governo, desce a libido com a patroa".

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Desço ou não desço? Fico ou não fico? Na véspera do carnaval, essa pergunta fica batucando no inconsciente curitibano. Não fico, decidem aqueles que vislumbram uma nesga de sol e a promessa de trégua no alto da Serra do Mar. Para a maioria, restar um fim de semana no seu próprio ninho é sempre um plano B.

Plano A é o aeroporto. Plano A é o Box 32 no Mercado Público de Florianópolis. Plano A é encontrar a poeta Alice Ruiz em São Paulo. Plano A é o Café Tortoni em Buenos Aires. Plano A é a Banda de Ipanema. Plano A é o velho circuito "Oropa, França e Bahia".

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Plano B é o Mercado Municipal de Curitiba. Plano B é uma caminhada no Parque Barigui. Plano B é Santa Felicidade. Plano B é um café na Boca Maldita. Plano B é o cachorro-quente do Au-Au. Plano B é a Churrascaria do Erwin. Plano B é um pão com duas vinas.

Falta em Curitiba um guia chamado Plano B. Indicações para um fim de semana comum são muitos, com recomendações das assessorias de imprensa de hotéis, restaurantes, órgãos culturais e cadeias de cinema. Cumprem suas burocráticas funções, para uma cidade com o trânsito e a respiração de rotina.

No entanto, nas vésperas de carnaval precisamos de um plano B. Uma cartilha dirigida àqueles que precisam aprender os primeiros passos numa cidade de ruas vazias e público rarefeito. As aves de arribação, os forasteiros recém-chegados, poucos deles são os iniciados no prazer de desfrutar de um carnaval em Curitiba. Para usar uma frase feita, porém insopitável, nesses interlúdios os adventícios se sentem mais perdidos que cachorro caído da mudança.

Véspera de carnaval é o Dia do Fico. Se for para o nosso consolo, diga em casa que fico! Para o forasteiro não rondar a cidade vazia em caminhadas peripatéticas, o plano B seria um vade mecum, expressão latina que significa "anda comigo" ou "vem comigo". Na capa do guia, estamparia um desenho do Poty e o convite: vem comigo, vamos viajar na Curitiba perdida de Dalton Trevisan. Quem sabe não encontramos na Ubaldino alguém fantasiado de vampiro, esgueirando-se de mão no bolso à sombra da meia-noite?

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