Dos tantos nomes com que a Polícia Federal batizou as diversas fases da Operação Lava Jato, o melhor e mais significativo deles é o da 19.ª etapa: “Nessun dorma”, da famosa ária do último ato da ópera Turandot, de Giacomo Puccini: “Ninguém durma! Ninguém durma!” (Nessun dorma! Nessun dorma!); “Tu também, ó princesa” (Tu pure, o, principessa) – sem nenhuma referência à “presidenta”, que de principessa só lhe restou um castelo de horrores.
Neste país onde os corruptos e corruptores estavam acostumados a dormir em berço esplêndido, com sombra e água fresca do regaço estatal, até bem pouco tempo podíamos citar Woody Allen ao separar os brasileiros entre as pessoas boas e pessoas más: “As pessoas boas têm um sono tranquilo. As pessoas más se divertem muito mais”.
Quem dormia bem antes dorme mal agora. E quem se divertia muito mais hoje não prega o olho com medo de ser acordado pelo japonês bonzinho da Polícia Federal de Curitiba.
“Toc! Toc! Toc!”, batem na casa de Luiz Inácio Lula da Silva.
“Quem é?”, pergunta o ex-presidente.
“É o japonês bonzinho de Curitiba!”
“Não vou abrir porque não sei onde está a chave!”, responde o grande líder que nunca soube de nada.
Quem dormia bem antes dorme mal agora. E quem se divertia muito mais não prega o olho com medo de ser acordado pelo japonês bonzinho da PF
“Toc! Toc! Toc!”, batem na casa do tesoureiro do partido.
“Quem é?”, pergunta a patroa.
“É o japonês bonzinho de Curitiba!”
“Preferem levar as doações legais e declaradas em cheque, ou as contribuições em dólares?”, responde o tesoureiro, já com a malinha pronta na mão.
“Toc! Toc! Toc!”, batem na porta do governador Beto Richa.
“Quem é?”, pergunta o chefe de gabinete Deonílson Roldo.
“É o delivery! Combinado de sushi, sashimi e yakissoba especial.”
“Que susto! Pensamos que fosse um japonês bonzinho do Gaeco!”, responde Luiz Claudio Romanelli, líder do governo.
“Toc! Toc! Toc!”, batem na cela de Delcídio do Amaral.
“Quem é?”, pergunta o senador acima de qualquer suspeita.
“É o japonês bonzinho!”
“Qual foi a burrada que eu fiz agora?”
“Toc! Toc! Toc!”, batem na porta de Eduardo Cunha.
“Quem é?”, responde o próprio.
“É o japonês bonzinho de Curitiba.”
“Só me entrego com a Dilma no colo!”, responde o (por enquanto) presidente da Câmara.
“Toc! Toc! Toc!”, batem na porta do Palácio Jaburu, residência oficial da vice-presidência.
“Quem é?”, pergunta Marcela Temer.
“É o japonês bonzinho de Curitiba!”
“Aguarde um momentinho que o Michel está vestindo o terno da posse!”, responde a presumida primeira-dama.
“Toc! Toc! Toc!”, batem na porta do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República.
“Quem é?”, pergunta Jaques Wagner, ministro da Casa Civil.
“É o japonês bonzinho de Curitiba!”
“Volte mais tarde. O velório ainda não foi marcado!”, responde o chefe do cerimonial.
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