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Dante Mendonça

O buraco do metrô e o andar da carruagem

Com ameaça de greve geral no transporte coletivo de Curitiba e a possibilidade concreta do fim da integração na região metropolitana (Gustavo Fruet pede a Beto Richa uma contrapartida para pagar a passagem da vizinhança), percebe-se pelas picuinhas políticas que a primeira linha do metrô já está traçada: sem sair do Centro Cívico, vão cavar um buraco entre a Prefeitura e o Palácio Iguaçu.

Diante desse quadro, se é para dar com os burros n’água, o metrô deveria começar na Praça Osório e terminar no Litoral. Com estações de desembarque em Porto de Cima, Morretes, Antonina, Paranaguá, Pontal do Sul, Gaivotas, Matinhos e Caiobá. Guaratuba também, e assim vamos nos livrar do pedágio e das filas no ferryboat. Sonhar não custa caro. O Paraná ganharia muito mais com o metrô para o Litoral, passando por baixo da Serra do Mar, que com um buraquinho de 7 quilômetros e pouco entre o Pinheirinho e o campo do Atlético.

Pelo andar da carruagem (sim, o metrô de Curitiba está sendo discutido desde os tempos das carruagens), as escavações têm grandes possibilidades de terminar nas comemorações do quarto centenário de Curitiba. Até lá, teremos um trem-bala ligando Manaus a Porto Alegre, o trecho Rio-São Paulo será feito por telepatia, os aviões serão substituídos por discos voadores e, enquanto isso, o metrô de Curitiba estará sendo inaugurado com discurso de Rafael Greca, presente graças à máquina do tempo. Tudo isso, é bom esclarecer, com a concordância do senador Roberto Requião e financiado pelo pré-sal do Lula.

Quando se diz que o metrô de Curitiba está sendo planejado desde os tempos das carruagens, é mais ou menos isso: em 1968/69, foi projetado um metrô sobre pneus. Omar Sabbag era prefeito e o presidente do Ippuc se chamava Jaime Lerner. Depois de procurar no mundo algo semelhante (um modelo desenvolvido pela Westinghouse estava sendo usado experimentalmente num parque da Pensilvânia, nos EUA), optaram pelo transporte pneumático, em estruturas elevadas. Articulado, com quantos vagões precisasse, ele rodaria exclusivamente em cima das vigas de concreto e só não seria elevado no centro da cidade, onde seria preciso fazer um anel subterrâneo. Esse anel chegou a ser traçado, inclusive com todas as curvas necessárias, ligando as grandes praças centrais da cidade.

A quem interessar possa, consta que os documentos do projeto estão nos arquivos da Prefeitura. Ou do Ippuc, sabe-se lá. O que se sabe é que, por enquanto, o único metrô viável em Curitiba está localizado no subsolo da Alameda Cabral, esquina com a Cruz Machado. A boate Metrô.

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