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Toc! Toc! Toc! – com sua perna de pau, o Pirata Zulmiro bateu três vezes na madeira ao ouvir pelo radinho de pilha que a prefeitura ainda sonha com o metrô de Curitiba. De acordo com as projeções mais otimistas de quem viaja na maionese, vamos enterrar R$ 7 bilhões entre o Pinheirinho e Santa Cândida.

A dinheirama tirou das cavas do esquecimento o lendário Pirata Zulmiro e o assombroso túnel que o corsário inglês escavou nas ruínas do São Francisco, passando por baixo da Rua Jaime Reis, subterrâneo que daria acesso a um fabuloso tesouro escondido na Praça João Cândido. Depois de ouvir as boas novas da prefeitura, o bando do corsário foi para o Largo da Ordem comemorar, onde botaram a pique centenas de submarinos do Bar do Alemão.

O túnel do Pirata Zulmiro em Curitiba é apenas um dos tantos dutos de desova dos cofres da Viúva

Para quem ainda não conhece, o Pirata Zulmiro se parece com muitos bucaneiros da política brasileira. Depois de ser jogado ao mar por um almirante inglês, ao largo da Ilha do Mel, o corsário de nome Saulmers (pronuncia-se “Sulmir”, daí a corruptela Zulmiro) encontrou seu esconderijo em Curitiba, de onde nunca mais arredou o pé. Conforme lembranças do arco da velha, Zulmiro teria falecido em avançada idade, entre os anos de 1880 e 1882. Uma dúvida nunca esclarecida seria quanto à origem do fabuloso tesouro enterrado na Praça João Cândido, sabendo-se que Saulmers teria desembarcado em Paranaguá com apenas três libras esterlinas na algibeira. O que exclui, a princípio, a hipótese de Zulmiro ter subido a Serra do Mar com um tesouro equivalente aos R$ 7 bilhões do metrô. De onde, então, teria vindo toda essa fortuna? Dos cofres públicos, naturalmente.

Com toda essa fedentina que exala dos porões da Polícia Federal, onde estão sendo abertas as arcas bilionárias dos corsários das estatais, cada vez mais se aprofunda a suspeita de que o traçado do túnel do Pirata Zulmiro começa no Porto de Paranaguá, vai a Londrina, passa pela Receita Estadual e termina na mesa do juiz Sérgio Moro. Assim sendo, é quase certo que o principal reduto dos corsários de colarinho branco se encontre no Paraná. Sendo aqui a matriz das lavanderias (como já demonstraram os brimos Youssef e Luiz Abi), é aqui também onde está plantado um dos maiores laranjais da história da República.

No parecer de quem conhece os métodos da pirataria estatal, o túnel do Pirata Zulmiro em Curitiba é apenas um dos tantos dutos de desova dos cofres da Viúva. E não são as pessoas atrás das grades com quem devemos nos preocupar. Preocupantes são aquelas que ainda não estão.

O próximo passo da pirataria– segundo fidedignos flibusteiros de olho gordo no Centro Cívico – seria desembarcar na administração das obras do metrô e afanar pelo menos 20% dos R$ 7 bilhões previstos. Se os Piratas do Tietê pilharam o metrô de São Paulo, porque o Pirata Zulmiro não poderia fazer o mesmo com o metrô de Curitiba?

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