Com a faca de churrasco entre os dentes, o Bar do Popadiuk está em estado de alerta. Tudo porque a redação final do novo Plano Diretor foi aprovada pela Câmara Municipal de Curitiba e agora foi para análise final do prefeito Gustavo Fruet, que tem alguns dias para se manifestar a favor, contra ou muito pelo contrário.

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Entre outras coisas, a turma do Popadiuk está preocupada com a questão dos tratados e limites com São Paulo. Principalmente na fronteira do Rio Atuba, onde é preciso controlar o tráfico paulista de água potável e posturas urbanas.

Do balcão, previne o engenheiro hídrico Jorge Vaine: “A invasão paulista vai começar pelo Rio Atuba! Pra quem nunca tomou banho de rio, é bom saber que o Atuba faz parte da Bacia do Alto Iguaçu e corre entre as divisas de Curitiba, Colombo e Pinhais. Da sua conjunção com o Rio Iraí forma o Rio Iguaçu e, por sua localização estratégica, seria por onde os paulistas invadiriam o Paraná em busca das águas do Aquífero Karst”.

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“O Rio Atuba faz a fronteira entre Curitiba e o resto do mundo!”

No Bar do Popadiuk, como já se disse aqui, se a cerveja (piwo) vier quente e o bolinho de carne à moda da casa (zrazy) estupidamente gelado, algo há de errado. Se for o caso, o polaco Stacho dá duas longas guaribadas no bigode em reflexão (em Curitiba até os espelhos pensam duas vezes antes de refletir a verdade) e sapeca seu abalizado parecer: “Estamos correndo sério perigo! Curitiba está se transformando numa cópia urbana de São Paulo e o Atuba é o rio mais próximo do Tietê. Com água mais que suficiente pra abastecer até o Lava Jato da Polícia Federal, a Avenida Batel está correndo o risco de se transformar numa extensão da Avenida Paulista. E as bordas da Serra do Mar vão se transformar em condomínios fechados onde virão morar os endinheirados do Morumbi e dos Jardins”.

“O problema é que certos curitibanos, com complexo de vira-lata, não se cansam de imitar tudo o que acontece em São Paulo! – ensina o engenheiro hídrico – É o caso dos rios do centro de Curitiba, praticamente extintos. Nos tempos das vacas gordas da Cantareira, o que São Paulo fez diante da abundância de chuva e de água? Em vez de proteger os mananciais, colocou os rios embaixo do asfalto. A arrogância paulista, aliada aos eleitores de Paulo Maluf, deu no que deu.”

“Segundo Eloi Zanetti, se o Rio Grande, que separa os Estados Unidos do resto da América Latina, faz a cisão entre ricos e pobres, o Rio Atuba faz a fronteira entre Curitiba e o resto do mundo!” – acrescenta o artista plástico Sérgio Kirdziej, professor de pintura da Escola de Belas Artes.

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“Se os paulistas atravessarem o Rio Atuba, Curitiba volta a ser a 5.ª Comarca de São Paulo. Foi nas margens do Atuba que se deu o início da colonização de Curitiba. Vamos erguer barricadas aqui no Popadiuk!” – subiu na mesa o embravecido Stacho – “Se os paulistas quiserem beber das águas do Parque Barigui, só passando por cima do Bigorrilho!”