Se por outros desígnios os estudos amorosos extracurriculares de Fernando Henrique Cardoso houvessem se passado no Paraná, de duas uma: ou o emérito sedutor estaria sendo investigado num dos autos de Sérgio Moro, ou então confinado num dos contos de Dalton Trevisan.
Ao contrário de Florianópolis, onde o diz-que-diz-que é um dialeto local, em Curitiba tudo rola por baixo dos panos, muito discretamente. Em Santa Catarina o romance proibido de FHC com a jornalista Miriam Dutra ainda é uma novela em andamento. Alguns capítulos importantes e certos personagens ainda não entraram em cena, principalmente outros políticos que serviram de cupido e conhecem os bastidores do que se passou entre a exuberante repórter catarinense e o então senador FHC.
Se o início do romance do sociólogo com uma jornalista tivesse como cenário as brumas de Curitiba, a noite e a história terminariam embaixo de um cobertor de pena de ganso. Como se sabe, os curitibanos são pródigos em elogiar a discrição e nem um pouco contidos em depreciar os indiscretos. Inclusive a nossa imprensa, que sempre tratou de certos assuntos com extrema parcimônia.
Os curitibanos são pródigos em elogiar a discrição
Na crônica política, uma história exemplar do que rola embaixo dos panos foi a de um suspeitíssimo deputado que morreu estrebuchando num lupanar curitibano de alto bordo. Levado à presença do endinheirado paciente já em adiantada coloração azul e posicionado para o boca-a-boca, o médico amigo da casa foi chamado às pressas e tardiamente para os procedimentos de ressurreição.
“Oh! O que faremos, doutor?” Com as senhoritas em volta tendo engulhos com o azedume que emanou do boca-a-boca, o doutor conseguiu se erguer ainda com certa compostura, ajeitou nas calças a camisa encharcada de suor, e abriu os braços. “Nada! Sua Excelência foi pro beleléu!”
“Oh! Ele bateu as botas!”
“Temos de nos livrar do velho!”, sentenciou o leão de chácara. “Pode morrer em qualquer lugar, menos aqui!”, levantou o dedo a cafetina, numa ordem de comando.
“Como se fosse fácil tirar daqui tantas arrobas!”
“Fácil ou difícil, temos de fazer o serviço e basta!”
“Meu São Benedito!”
“Quais foram suas últimas palavras?”, perguntou o médico. A infeliz acompanhante revelou detalhes, lembrando que o deputado esbravejava por não conseguir abrir a braguilha: “Acorda, estúpido!”
“Chamem um taxista de confiança!”, ordenou a dona da casa.
“Chamo agora mesmo! Mas, que Deus nos perdoe, onde o taxista vai largar o corpo?”
“Muito discretamente, larguem o deputado na porta do cemitério!”
“No cemitério?”
“No Cemitério Municipal. Depois de amanhã o jornal vai dar na manchete: Deputado morre na porta do cemitério!”
“Isso não vai dar encrenca, madame?”
“Encrenca coisa nenhuma. Quando aquele ilustre desembargador morreu entre as pernas da Gertrude, jogamos o corpo dele na porta da Catedral. Lembra, doutor?”
“Lembro! No dia seguinte, deu no jornal: Desembargador morre na porta do céu!”
“Que mal lhe pergunte, madame, por que o desembargador na porta da igreja e o senador na porta do cemitério”
“Ora, minha filha...”, despachou a cafetina: “Em se tratando de político corrupto, o melhor a fazer é mandar direto pra cova!”
Como suplente de senador, o professor Fernando Henrique esteve em Curitiba em 1979 para se apresentar numa das “Parcerias Impossíveis” do Teatro Paiol. Aqui onde a bruma faz a curva, FHC terminou a noite no Bar Palácio com jornalistas e voltou para o hotel assim como chegou, muito discretamente.
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