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Dove ti piacerebbe abitare a Firenze”, pergunta a propaganda de uma imobiliária na guarnição de papel da Trattoria del Rocco, concorrido restaurante no coração do Mercato Sant’Ambrogio – o preferido do dia a dia do morador de Florença.

“Eu gostaria de morar em qualquer endereço aqui por perto!”, respondo pessoalmente ao senhor Rico Rocco – maestro que, ao lado do filho Paolo, rege a cozinha conforme as estações do ano, com pratos típicos da culinária fiorentina e porções do tamanho certo para provar a sequência típica italiana: primi a 4€, secondi a 5€ e contorni a 3€.

Os relógios de Florença parecem sujeitos a uma espécie de tirania que os obriga a bater as horas durante uma eternidade

Entre os antigos moradores de Florença, alguns dos outros endereços ilustres da terra de Dante Alighieri, que morava na Via Santa Margherita, 1: Giovanni Boccaccio, escritor, Via di Corbignano, 10; Michelangelo Buonarroti , gênio, Via Ghibellina, 70; Enrico Caruso, tenor, Via Bellosguardo, 54; Benvenuto Cellini, escultor, Via della Pergola, 59; Donatello, escultor, Via Calzaiuoli, 97; Salvadore Ferragamo, sapateiro, Via Tornabuoni, 4; Galileo Galilei, astrônomo e físico, Via Pian dei Giullari, 42-46; Niccolò Machiavelli, filósofo, Via Santo Spirito, 5-7; Leonardo da Vinci, gênio, Piazza San Firenze, 2; Frank Lloyd Wrigth, arquiteto, Via Monte Ceceri, 6 (Fiesole); Carlo Collodi, pai do Pinóquio, Via Taddea, 4; Mark Twain, escritor, Via Gabriele D’Annunzio, 230; Tolstoi, escritor, Lungarno Amerigo Vespucci, 50; Tchaikovsky, compositor, Via San Leonardo, 64; Mozart, compositor, Piazza dell’Olio, 12; Dostoievski, escritor, Piazza Pitti, 22; e Hannibal Lector (dr. Fell), serial killer da ficção, Via dei Bardi, 36.

Em especial, na lista de endereços ilustres só não constam os nomes de Johann Wolfgang von Goethe, que passou apenas duas horas em Florença em sua Viagem à Itália; e do bon vivant Alexandre Dumas, o escritor e gastrônomo que não deixou por menos e escreveu Um ano em Florença.

Dumas não revela seu endereço naquele ano de 1834, onde foi para ouvir histórias de crimes e vinganças na cidade dos Medici, beber bem, comer ainda melhor e serenar: “A preocupação principal em Florença é o descanso. Mesmo o prazer, creio eu, vem depois. Somente aqueles que tocam os sinos não têm repouso, dia e noite. Não compreendo como os pobres diabos não sucumbem aos seu trabalho; é positivamente ofício de amargar”.

Como em nenhum lugar do mundo, os relógios de Florença parecem sujeitos a uma espécie de tirania que os obriga a bater as horas durante uma eternidade. Um estrangeiro queixa-se disso a um fiorentino, que responde impassível: “Mas para que diabos querem vocês saber que horas são?”.

Na Via Dell’Agnolo – donde estamos partindo –, só contamos as horas ao dobrar dos sinos de Sant’Ambrogio, cujo mercado está prestes a anunciar a temporada de cerejas e figos da Toscana.

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