O atraso nas obras do Ligeirão Norte causa uma situação no mínimo curiosa em Curitiba: desde novembro, algumas estações-tubo, mesmo desativadas, têm cobradores trabalhando, mas como vigilantes. O objetivo é conter depredações e pichações. Mas alguns cobradores-vigilantes gastam boa parte do tempo informando aos usuários que a estação ainda não opera.
As obras de desalinhamento das estações, necessárias para as ultrapassagens dos ônibus e para dar maior agilidade ao transporte, já duram dez meses. Elas começaram em abril e devem se arrastar por mais três meses, segundo a Urbs. Enquanto isso, usuários reclamam que têm de andar muito para pegar um ônibus a distância média entre as estações era de 500 metros, mas, com alguns tubos desativados, passou a 1 km.
Para os cobradores que vigiam as estações o tempo "demora a passar", ainda mais nos dias quentes. Mas eles estão conformados. "É pior para os higienizadores (pessoas que fazem a limpeza dos tubos). Eles têm de ficar aqui de madrugada (da meia-noite e meia até 5h30), sempre no escuro, já que ainda não há luz no tubo, para não deixar ninguém pichar ou quebrar nada", conta um funcionário.
Esforço recompensado
Uma pequena fila com cerca de 20 veículos se formou no Posto Guarani da BR-277, saída para o interior, no começo da tarde de sábado. Todos os motoristas queriam a mesma coisa: gasolina, que era vendida com preço em média R$ 0,20 mais baixo do que o cobrado em Curitiba. Num posto pouco adiante o preço era o mesmo, mas ele quase não tinha clientes.
Xixi na rua
A ascensão do bloco carnavalesco Garibaldis & Sacis fez um bem danado à cidade. A cena do Centro de Curitiba abarrotado de jovens, num domingo à tarde, é prova do impacto urbano do trabalho. Ano passado, falou-se que faltava policiamento. O policiamento veio. Mas a prefeitura bem podia estudar um modo de incentivar o cuidado com a cidade nos dias de folia, quando os muros do Largo da Ordem e adjacências se tornam mictório público. Sem pudores, como qualquer um que passou por ali pôde verificar. Resultado: a manhã de ontem foi de lavação de paredes, degraus e calçadas, um ritual que, convenhamos, pode se reverter em antipatia com o bloco. Uma pena.
Índios do Ecoville
Além da Rua XV e da BR-277, outro ponto de Curitiba onde índios são vistos vendendo artesanato (conforme reportagem publicada no domingo) é o Ecoville, um dos bairros mais chiques da capital. Na confluência de duas avenidas de grande movimento, se vê costumeiramente crianças indígenas abordando os motoristas, driblando os veículos, correndo risco de serem atropeladas. Outro dia, enquanto crianças e mulheres se revezavam na tarefa de vender artesanato, um índio estava confortavelmente deitado à sombra de uma árvore, falando ao celular. Coisas da modernidade.
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"Não levo ninguém a sério o bastante para odiá-lo."
(Paulo Francis, jornalista)
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Colaborou José Carlos Fernandes
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