Em poucos dias, não dá para dizer com certeza se o ministro Nelson Jobim, da Defesa, terá condições de debelar a crise aérea. Mas seguramente se pode dizer que ele entende de marketing. Já no dia seguinte à sua posse, os editores da Gazeta do Povo receberam quatro comunicados do ministério falando sobre as ações da Defesa. Na seqüência vários outros textos de divulgação passaram a chegar ao jornal, que até então raramente recebia qualquer coisa do ministério. Na sexta-feira, sua decisão de vistoriar o Aeroporto de Congonhas e ir ao prédio da TAM Express caiu bem – afinal, foi a primeira vez que alguém do governo mostrou-se nesse caso. Mas seria arriscado dizer que essa visita, muito mais política do que técnica, terá algum resultado prático na correção dos problemas do aeroporto. Ainda precisamos esperar para ver. E, enquanto isso, continuar cobrando.

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Não é demais lembrar: uma das críticas que se faz à condução do governo no caso da crise aérea é ao fato de que a amizade do presidente Lula com Waldir Pires e as alianças políticas fizeram com que ele mantivesse o político baiano no cargo, apesar de sua incapacidade de combater a crise. Pois Jobim é uma figura central no PMDB pró-Lula, e foi cotado até para concorrer a vice quando se temia pela saúde de José Alencar. Será que a política vai ficar à frente da crise de novo?

Na semana passada, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República divulgou uma "entrevista" do chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), Brigadeiro Jorge Kersul Filho. "Entrevista" entre aspas, porque não foi concedida a qualquer veículo de comunicação, mas ao serviço de divulgação do Planalto. Em certo trecho, o brigadeiro diz que prefere não falar em causas para o acidente do vôo 3054. "Não costumamos usar a palavra causa", diz. "Porque causa remete à responsabilidade. Causa e responsabilidade se referem a um processo jurídico, policial. O linguajar que usamos em investigação é ‘fatores que contribuíram para o acidente’"...

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... Só se for no Cenipa, porque os órgãos internacionais sempre falam em causa. A Comissão de Investigação de Acidentes e Incidentes da Aviação Civil da Espanha, por exemplo, tem um capítulo sobre causas em seu relatório sobre o acidente em que um Airbus A-320 derrapou para fora da pista do aeroporto de Ibiza, em maio de 1998. Felizmente, naquela ocasião o avião foi para uma área de escape e ninguém morreu. As causas do acidente? Estão na página 48. "O acidente foi causado pela falta de disponibilidade dos freios normal e alternativo durante a aterrissagem." Não parece que a gente já viu isso em algum lugar?

Andando pelas ruas do Centro, às vezes o passante pode ter a impressão de que os vendedores de DVDs de origem duvidosa estão passando por um repentino surto de sinceridade. "Piratas... Piratas... Piratas...", eles gritam, numa repetição que soaria para ouvidos desacostumados como uma confissão de culpa. "Do Caribe 3!", completam.

Estranho como as pessoas facilmente se acostumam à contravenção. Não seria difícil evitar a venda dos DVDs piratas nas esquinas curitibanas. Se as autoridades quisessem, é claro. Mas o fato é que ninguém parece se preocupar com o assunto. As pessoas vêm e vão e os vendedores de pirataria fican ali, apregoando seus produtos como se fossem feirantes. Da mesma maneira que os traficantes de crack nas ruas do centro histórico – estes um pouco mais silenciosos, apenas, mas tão reconhecíveis quanto. Triste constatação, mas parece que o crime venceu.

A estação-tubo da Praça Eufrásio Correa precisa de intervenção urgente mesmo, conforme já prevê o projeto de readequação das linhas de ônibus expressos da prefeitura de Curitiba. O movimento de usuários dificulta até mesmo a "respiração" dentro da unidade. Passageiros que trocam de ônibus no local formam filas gigantescas, fazendo do retorno para casa de quem mora no Santa Cândida ou em Pinhais um tormento extra.

*** "Só vive quem vive o dia de hoje." (Joachim du Bellay, poeta francês, 1522–1560.)

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