Foram exatos 2.415 dias até hoje, véspera da abertura da Copa. Ou quase sete anos. Desde que o Brasil foi escolhido sede do Mundial da Fifa, em 30 de outubro de 2007, muitas ilusões e oportunidades se perderam. O prometido legado ficou pela metade: projetos foram descartados e as obras atrasaram. A imagem do planejamento nacional saiu muito arranhada. Mas vai ter Copa. E é possível que os estrangeiros saiam do país satisfeitos porque o brasileiro é acolhedor. Ainda assim, é bom lembrar quem eram os personagens que estavam na comitiva que foi defender a candidatura brasileira na Suíça, sede da Fifa. Naquela ocasião, tudo parecia ser festa. Hoje, visto retroativamente, não é difícil saber por que a organização da Copa deu no que deu com a turma e os interesses que embarcaram naquele voo:
Ricardo Teixeira: o então todo-poderoso presidente da CBF dizia que a Copa seria realizada essencialmente com dinheiro privado. Foi o contrário. Acabou renunciando ao cargo em 2012, sob várias suspeitas de corrupção.
Lula: foi o principal avalista político da candidatura brasileira. Depois, fora da Presidência, fez lobby nos bastidores para tirar a abertura da Copa do Morumbi e levá-la para o Itaquerão o projeto de estádio do Corinthians, seu time do coração. A obra se viabilizou por causa do Mundial.
Outros políticos: de olho nos dividendos de imagem que buscavam colher, muitas autoridades prestigiaram o anúncio da escolha do Brasil. Lá estavam 12 governadores: Aécio Neves (MG), Eduardo Campos (PE), José Serra (SP), Sérgio Cabral (RJ), Eduardo Braga (AM), Alcides Rodrigues (GO), Ana Júlia Carepa (PA), Binho Marques (AC), José Roberto Arruda (DF), Jacques Wagner (BA), Cid Gomes (CE) e Blairo Maggi (MT). Dois atualmente são pré-candidatos à Presidência. Um foi afastado do cargo por corrupção: Arruda. Depois das manifestações de junho do ano passado, poucos hoje querem estar vinculados à Copa. Também estava na Suíça o então ministro do Esporte, Orlando Silva. Ele caiu do cargo anos depois, na "faxina" da presidente Dilma Rousseff.
Dunga e Romário: os dois emprestaram o prestígio que faltava à classe política na comitiva brasileira. O capitão do tetra era pura empolgação: "Será um espetáculo de organização", disse. Romário, por outro lado, entrou mudo e saiu calado na apresentação do projeto brasileiro para receber a competição, demonstrando insatisfação. Hoje, o "Baixinho" é um feroz crítico da organização do evento, embora não veja incoerência alguma em estrelar propaganda de produto que usa a Copa como mote.
Paulo Coelho: o "Mago" foi outra celebridade que deu um verniz à candidatura nacional. Há muito tempo não é mais visto como divulgador da Copa.
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