Um dos maiores problemas políticos no Brasil é a aliança partidária. Essa brecha na legislação eleitoral permite distorções, conchavos e acordos que acabam atrapalhando a análise dos candidatos pela população. Como entender que partidos que têm oficialmente propostas distintas, às vezes completamente opostas, se unam para vencer uma eleição? Como aceitar que um candidato num pleito seja oposição e noutro situação? Como assimilar que numa esfera o postulante a um cargo é governo e noutra é oposição?
Em nome do poder, as cartas de princípios das legendas são esquecidas ou muitas vezes rasgadas. Bandeiras históricas das siglas são mandadas às favas. E o eleitor que entenda esses disparates. O que vemos é o velho jogo de escolher o candidato ignorando qual partido ele pertence atualmente. Usando uma metáfora futebolística tão ao gosto do ex-presidente Lula, os políticos brasileiros são iguais àqueles jogadores que beijam o símbolo do clube e fazem juras de amor eterno num dia e no outro já estão repetindo os mesmos atos no time rival.
Como criticar o eleitor que escolhe o candidato porque ele é bonito, ignorando o pouco ou quase nenhum conteúdo do político? Como fazer a população entender que para se manter no poder, ou para assumi-lo, um partido abre mão de lançar um nome ao posto em jogo? Os políticos têm a respostas na ponta da língua: faz parte do jogo democrático. Errado. O jogo político jogado no Brasil é o de confundir para não mudar. É o de menosprezar a inteligência do eleitor. É o de desvalorizar o voto da população.
Temos oficialmente no país 29 partidos políticos. Se a legislação obrigasse cada legenda a lançar candidatos para todos os cargos em disputa num pleito, possivelmente muitas seriam extintas. Algumas siglas nasceram por causa de dissidências em outras. O político não consegue espaço num partido? Não tem problema, ele arregimenta outros colegas e cria uma nova agremiação. Ideologia? Besteira. Ele não precisa ser de esquerda, de direita ou de centro, basta ter um cargo público para ser atraente. A verba do fundo partidário ajuda a manter a estrutura. Se fizer uma boa aliança eleitoral então, é o que basta para a legenda lotear uma secretaria/ministério, com os cargos distribuídos entre os partidários. Vale tudo.
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