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Um dia desses tomava um café para aplacar o frio do começo da tarde em uma cafeteria improvisada, numa loja de chocolates, no centro de Curitiba. Entusiasmado, falei em família sobre o sonho de ter um café. Não, não sou um grande apreciador da bebida. Na realidade, eu nem gosto muito de café. Sempre peço uma média, com mais leite do que café. De preferência que seja coado e não espresso, para não ser tão forte. O que eu gosto mesmo é do ambiente, da atmosfera que qualquer cafeteria congrega.

Eu não sei se é um bom negócio ter uma loja especializada em servir cafés. Não tenho ideia de quantas xícaras eu teria de vender por dia para pagar as despesas e, quem sabe, ter até um pequeno lucro. Com certeza teria de fazer um curso para saber fazer aquelas figuras que os baristas conseguem reproduzir na espuma do café e do leite. É uma arte. Nunca vi como eles fazem. O atendente sempre está de costas, encobrindo minha visão e me impedindo de matar a curiosidade. Gosto de apreciar a obra antes de desmanchá-la enchendo de açúcar a xícara.

Fiquei refletindo, buscando entender o motivo que me leva a querer virar um empresário do ramo do cafezinho. Claro que a primeira imagem que me veio à cabeça foi a de um café repleto de pessoas discutindo fervorosamente arte, esporte e política. Debatendo os rumos do país e do mundo. Comentando um lançamento literário ou o recente trabalho de um músico. Lendo jornais enquanto apreciam uma xícara de café. Imagem clássica e comum em filmes. Cena que remete a cafés parisienses, apesar de eu nunca ter ido a um.

Gosto de frequentar cafés. Gosto de conhecer novos estabelecimentos do ramo na cidade. Sei que é uma incongruência o fato de gostar de ir a uma cafeteria e não gostar de tomar café puro. Mas quando entro em um local como o café do Paço da Liberdade, por exemplo, o sabor da bebida negra fica em segundo plano. O que vale é o ambiente. O do Paço nem é antigo. Foi montado em uma sala do edifício histórico. Mas o pé direito alto, o assoalho de madeira, o velho piano e as portas enormes, para mim, criam uma atmosfera nostálgica. Acho que é isso. Sofro de saudade de um tempo que não vivi. Que afogo ao sorver alguns goles de um café com leite.

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