O britânico Stephen Law, no livro Filosofia (Editora Zahar), mostra falácias clássicas raciocínios aparentemente verdadeiros, mas que são equivocados porque partem de premissas erradas. Muitas delas aparecem na época das eleições. Na semana passada, esta coluna apresentou alguns desses argumentos falsos. Hoje, mais falácias eleitorais.
Falácia do mascarado: é um engano que ocorre quando alguém apresenta de antemão uma postura psicológica em relação a determinada pessoa ou ideia que influi na avaliação objetiva dos fatos. Essa atitude funciona como uma máscara colocada no outro: a mudança da aparência leva à crença de que há duas realidades distintas. Numa campanha eleitoral, a falácia opera na negação de aspectos ruins do candidato pelo qual se está torcendo, a despeito de fatos que mostrem o contrário. O eleitor se nega a acreditar nas evidências porque crê em algo diferente. O marketing eleitoral também costuma explorar esse argumento falacioso, colocando "máscaras" no político para fazê-lo aparentar o que não é.
O apelo à autoridade: a propaganda eleitoral rotineiramente exibe depoimentos de celebridades, especialistas e pessoas que gozam de prestígio popular. A ideia é transmitir credibilidade ao candidato. Nesses casos, é evidente que não há imparcialidade. Mas há outras situações, fora da publicidade de campanha, em que autoridades podem opinar sobre os concorrentes e induzir o eleitor a tomar o que é dito como verdade afinal, trata-se de alguém com amplo conhecimento. Nesses casos, sempre é prudente se perguntar: a pessoa é de fato um especialista no assunto? Outras autoridades nessa área pensam o mesmo? Ela tem credibilidade ou representa uma instituição de respeito? Se a resposta a alguma dessas questões for "não", desconfie.
Falácia post hoc: o termo significa "após isto" em latim. A falácia ocorre quando alguém conclui equivocadamente que, se algo ocorreu logo após outro evento, o primeiro é causa do segundo. É típica dos supersticiosos: alguém que, ao usar uma camisa nova, vê seu time vencer e passa a acreditar que foi a roupa que provocou o triunfo. Esse erro de raciocínio também ocorre nas eleições e é explorado pelos candidatos. Muitos deles dirão que criaram leis ou programas que melhoraram a vida das pessoas. No entanto, essa conexão pode não ser verdadeira. Políticos adoram, por exemplo, atribuir a si bons resultados na geração de empregos. Mas a abertura de postos de trabalho costuma ter mais a ver com o cenário da economia que com ações governamentais.
Veja em http://bit.ly/NwYCxa as falácias eleitorais da semana passada.
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