Não sei se crise é a gênese da solução, mas, com certeza, faz a gente se mexer. Contrata o Geninho ou "arrecua os arfe para evitar a catástre", como ensinava aquele amigo do Neném Prancha. Ou, ainda, adianta os pontas e vira o jogo.

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No caso da rebordosa com as Bolsas, Natureza Morta tratou de se socorrer. Foi direto ao Dicionário de Termos Financeiros, de Luiz Fernando Rudge – edição Santander Banespa.

– Primeiro é preciso decodificar o código para poder decifrar a esfínge.

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A confusão com o mercado serviu, pelo menos, para enriquecer – sem trocadilho – o vocabulário. Por exemplo: depois do crash, ou straight, de segunda-feira, quando o pacote do Bush levou bomba no Congresso, Natureza passou a repetir feito papagaio o tal de circuit-breaker. Ao ouvi-lo, Beronha, beronísticamente, comentou:

– Circuit-breaker? Continuo preferindo o coffee-break...

De qualquer modo, Natureza agora sabe o que significam coisas como rolagem de posição (epa! reage Beronha), S&P500 – Standard & Poors, dealer, day-trade, dívida (ah! dessa eu manjo tudo), DJEM – Dow Jones Equity Market, DJIA (Dow Jones Industrial Average), federal funds rate, fechamento em baixa (essa eu também conheço bem), stress ou estresse (esse todo mundo conhece), Tocom (Tokyo Commodity Exchange) – "tocom dor de cabeça", aparteia de novo o Beronha.

Antigamente, um problema de difícil solução também recebia a couraça de nomes enigmáticos, justificando um overprice, é claro. Era comum, numa oficina, o mecânico examinar demoradamente o motor do Fusca – ou da Brasília – e, com ar superior, típico de um senhor feudal das Bolsas, sentenciar:

– É o giclê.

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Alguém arriscaria contestar? Só mesmo quem ainda não tivesse ouvido falar do famoso giclê e seus infinitos mistérios.

Com o tempo e o local, o xeque-mate mudava. Não era o tal do giclê:

– É a rebimbela da parafuseta.

Eu, pessoalmente, passei a andar a pé.

Voltando ao mercado financeiro: Beronha acredita piamente que a raiz do problema está na combinação giclê-rebimbela da parafuseta mais subprime. Se não for, está perto.

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Mais leitura

Saindo do Dicionário de Termos Financeiros, Natureza prepara-se, compulsoriamente, para outra incursão no mundo das letras:

– Foi assinado o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Entrará em vigor em 2009, vai alterar a acentuação de algumas palavras, extinguir o uso do trema e sistematizar a utilização do hífen, entre outras mudanças significativas. No Brasil, coisas como heróico e feiúra, por exemplo, deixarão de ser acentuadas. Mas, suspeito, continuaremos feiamente heróicos. Ou heroicamente feios.

O Ibope de cada um

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Beronha comenta os resultados das pesquisas sobre a popularidade do presidente Lula e faz um contraponto com o seu "ibope" em casa, simplesmente arrasador, contra ele, é claro, e conclui, conformado:

– É o último degrau...

Natureza flamba o amigo:

– Que nada! Ainda tem mais um lance de escada...

Francisco Camargo é jornalista.

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