• Carregando...

"Durante os primeiros tempos da colonização do Brasil, os sítios povoados, conquistados à mata e ao índio, não passam, geralmente, de manchas dispersas ao longo do litoral, mal plantadas na terra e quase independentes dela (...) acomodando-se à arribada de navios mais do que o acesso do interior. Só aos poucos, embora com extraordinária consistência, consegue o europeu implantar num país estranho algumas formas de vida que trazia do Velho Mundo. Com a consistência do couro, não a do ferro ou do bronze, dobrando-se, ajustando-se, amoldando-se a todas as asperezas do meio." O grifo é meu, para destacar a importância do couro. A transcrição é de Monções, de Sérgio Buarque de Holanda, obra publicada em 1945 e citada por ele na abertura de Caminhos e Fronteiras, que faz parte da coleção Documentos Brasileiros, dirigida por Octavio Tarquinio de Sousa (atenção, Adamastor, é Sousa com S mesmo), editada em 1957, pela José Olympio Editora.

Dos primeiros passos da "ocupação" do Brasil pulamos para os tropeiros. Os tropeiros no Paraná. Temos aqui a Rota dos Tropeiros (procure o seu agente de viagem): eles cruzavam o Paraná no leva-e-traz de variadas riquezas. Deixaram uma herança profundamente rica e, hoje, sem trocadilho, um campo aberto ao turismo rural. Dezesseis municípios formam o mosaico do tropeirismo no estado: Rio Negro, Campo do Tenente, Lapa, Porto Amazonas, Palmeira, Balsa Nova (onde fica São Luiz do Purunã), Campo Largo, Ponta Grossa, Carambeí, Castro, Tibagi, Telêmaco Borba, Piraí do Sul, Jaguariaíva, Arapoti e Sengés. Eles oferecem 200 atrações. Beronha não conferiu, mas garante que não é papo de tropeiro. Além do Parque Estadual de Vila Velha (Ponta Grossa) e Canyon Guartelá (Tibagi), há a região de São Luiz do Purunã, o Parque do Cerrado, o Palacete Matarazzo, em Jaguariaíva, o Museu do Tropeiro, em Castro, o Museu do Garimpo, o Santuário de Nossa Senhora das Brotas, o Canyon da Fazenda Chapadinha, em Piraí do Sul, o Salto do Caiacanga, em Porto Amazonas, o Parque Estadual do Monge e o Centro Histórico da Lapa, o Parque Ecoturístico São Luiz de Tolosa, em Rio Negro; o Parque Histórico do Mate, em Campo Largo, o Parque Ecológico e o Bondinho em Telêmaco Borba, as Estrias Glaciais, na Colônia Witmarsum, em Palmeira, e, em Ponta Grossa, o Museu dos Campos Gerais e o Buraco do Padre. Epa! Essa também conta?

Vale a pena o passeio. A propósito: na vilinha de São Luiz do Purunã, mesmo no mais brabo dos invernos, não arrisque uma experiência: tomar choconhaque. Quem experimentou foi o amigo Casto (atenção, Adamastor, é Casto mesmo, não Castro) José Pereira, diretor da Pousada Parque, onde tem o restaurante Panela Velha. Conta ele que, inicialmente, começou a sentir um estranho formigamento na ponta dos pés. E foi subindo, subindo. Efeito da explosiva mistura de chocolate (serve Nescau) com conhaque (Palhinha, se é que ainda existe o disgracido).

Prepare-se (não precisa levar o baxero nem a bruaca) e boa viagem. Faça como ele, entre no êxodo urbano. Ah, e se você tiver sorte, pode ainda conhecer a curucaca, a Theristicus caudatus, para os íntimos, ave típica de paisagens abertas.

Francisco Camargo é jornalista.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]