Tem gente que ainda não acredita que no dia 20 de julho de 1969 um tal de Neil Armstrong, sujeito um tanto quanto desconhecido na época, dava um salto para a fama. Viraria estrela e sem ter blog, site ou cobertura pelo twitter, muito menos posado peladão para a Playboy ou vídeo do Orkut. Fama? Mais do que isso: com o que chamou de um simples passo, entrou para a história da humanidade. Era o primeiro "cabôco" a botar o pezão na Lua.
Beronha é um dos que ainda alimentam certa dúvida quanto à façanha de 40 anos atrás.
São Jorge iria permitir a invasão de domicílio?
O estranho é que a tal suspeita do nosso anti-herói aumentou à medida em que Natureza Morta procurava provar, pausadamente e até com exemplos que abundam (epa! espanta-se Beronha, aconselhando,"olha o decoro") em nosso cotidiano, que houve, sim, a viagem à Lua. E não aquela de Georges Méliès, em 1902.
Lua, em 1902?
Sim, na verdade "Le Voyage dans la Lune", um filme.
O solitário da Vila Piroquinha desistiu. Mandou Beronha ler na edição de agosto da revista Pesquisa, da Fapesp, a matéria "Da Lua para a Terra", de Neldson Marcolin. Nela, são citados os spin-offs do programa espacial.
Hein? Spin o quê?
Diz a revista que, se hoje há quem questione a necessidade de enviar novas missões tripuladas ao satélite, "o que não se discute são os spin-offs, benefícios que os programas espaciais trouxeram para a sociedade". Spin-off significa desdobramento, "termo utilizado para designar criações que viram produtos". Faz parte do listão a espuma viscoelástica, que afunda de acordo com o peso de cada parte do corpo e depois volta ao normal. Virou travesseiros e produtos ortopédicos. Tem ainda o aparelho de ginástica, a pasta para engolir (um creme dental comestível, usado em hospitais), o diagnóstico com ultrassom a distância, óculos com lentes de proteção contra raios ultravioleta A e B, a tecnologia que captura o calor das estrelas e foi aplicada a um termômetro para medir a energia a partir do tímpano humano, fornecendo a temperatura do corpo em dois segundos; o suplemento alimentar com algas, que resultou em um suplemento lácteo para bebês; o aço de alta resistência e baixo peso, o 300M, utilizado em trens de pouso. Há muito mais. O material usado nas roupas dos astronautas teve vários destinos: a fibra de vidro com teflon virou cobertura de ginásio esportivo; o tecido não inflamável está no uniforme de bombeiros; o sistema de fabricação das botas resistentes foi adaptado aos tênis. E os alimentos liofilizados que abundam (epa! de novo) nos supermercados, além dos purificadores de água.
Para Beronha, porém, a Nasa deveria ter inventado o aparelho espanta chato. Um repelente de passar na pele que fosse. Nesse início de ano, certamente seria um tremendo sucesso de venda com ou sem redução de IPI. Isso porque, ao que tudo indica, vamos ter com os chatos de sempre mais 343 dias pela frente. Para Natureza, é possível que a Nasa tenha inventado a máquina antichato, só que não colocou na lista. Virou segredo de Estado... Afinal, seria a chave do paraíso.
Na dúvida, já que no caso não veio uma solução da Lua para a Terra, o jeito é tentar o percurso inverso.
Francisco Camargo é jornalista.
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