Há quem adore barulho, zoeira. Para eles, Curitiba virou um prato cheio. Como diriam certos colunistas, um "must". A queixa é do Natureza Morta, que, ao contrário das bolsas, anda com a taxa de irritabilidade permanentemente lá em cima e, o fundo de pensão, cheio, quase arrastando. Até mesmo na Vila Piroquinha as obras da prefeitura não acabam nunca.
Comparativamente, a Muralha da China saiu a toque de caixa...
Já o Beronha curte o que chama de "o discreto charme da palpitante algaravia urbana", com descarga do banheiro do vizinho, cães, arapongas, calopsitas, a sempre desconcertante fanfarra do colégio ao lado, retroescavadeiras, caçambas, betoneiras, conversa ao pé de uma cachoeira, britadeiras, ônibus, caminhões, carros, motos e o carro de som que não falha nunca: "Olha o sonho, freguesia, é o sonho que está passando, sonho fresquinho"...
No fundo, Beronha se preocupa com o amigo. Ou melhor, anfitrião, já que chegou para uma visitinha e continua sob o teto da acolhedora mansão. Efeméride: a visita está completando 3 anos.
Beronha, que só depõe em juízo, faz ouvidos moucos, mas, sobre ele, paira a suspeita de um suposto "araponguicídio" na Vila Piroquinha.
Como Natureza teve o inolvidável desprazer de ficar sabendo ao vivo e em cores, a araponga é conhecida pelo grito alto e estridente. É sintomaticamente chamada ainda de ferreiro. Ou ferrador. Imita direitinho o trabalho de um ferreiro. Primeiro, com uma lima; depois, com a estridente batida de um martelo sobre a bigorna.
Beronha quebra o silêncio, com cara de especulador da bolsa:
Araponga é nome indígena. Vem de ara (ave) e ponga (soar). É bom explicar. Poderá ser o próximo "agradável" trabalho de pesquisa que seu adorável filho apresentará à mesa, no almoço, como lição de casa para o fim de semana...
O sumiço da araponga? Consta a coluna teria tido acesso com exclusividade a trechos de gravações sigilosas e "sigilentas", feitas por arapongas depenados que um vizinho, num "súbito ataque de fúria calculado", deu chá-de-sumiço na ave. Era tamanho o tormento que houve uma ameaça de debandada geral dos moradores. Entre eles, é claro, Natureza. Para não voltar ao relento, perdendo o beliche cativo na mansão da Vila Piroquinha, Beronha teria "presenteado" um primo distante, tão distante que mora na ilha de Fernando de Noronha, com outro "must", um pássaro "raríssimo", de canto "mais suave e melodioso" do que um solo de clarineta. Suspeita-se de que o mau caráter tenha usado o Sedex. Até agora, não há notícia de fugas da ilha.
Cuidado com ele
Estudos mostraram que o estresse favorece o surgimento de diabetes, doenças cardiovasculares, ansiedade, depressão, impotência, infertilidade, caspa e unha encravada. E que, em si, o estresse não é uma doença, mas um mecanismo natural de adaptação. O problema é quando se perde o controle sobre o nível de estresse.
Aí, a porca torce o rabo.
Francisco Camargo é jornalista.
Deixe sua opinião