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Coluna do Malu

Os alemães e o bico da pomba

João De Deus Freitas Neto, repórter esportivo do Diário da Tarde, pelos idos de 1942, mais Ezio Zanelo, Agostinho Canto de Oliveira e Milton Camargo de Oliveira, todos jornalistas, foram convidados pelo Luiz Vila, o Pinha, linotipista do jornal, para uma festa na Sociedade Operário do Ahú. E, de lá, para um baile na Sociedade Handwerker.

Face a 2.ª Grande Guerra, a sociedade que congregava, exclusivamente, os alemães, mudou o nome para Sociedade Rio Branco.

Apesar de certa resistência, foram acomodados e servidos de quitutes, cerveja e outras bebidas, mas advertidos que não poderiam dançar.

Além do baile havia uma brincadeira entre os alemães. No palco, em cima de uma mesa uma pomba de madeira. Pendurado no teto, um cordel e nele atada uma bola de bilboquê. Os alemães apostavam uma moeda e tentavam derrubar a pomba, fazendo a bola balançar na vertical.

A tentativa era difícil. Quando uma senhora acertou, o mestre-de-cerimônias foi ao microfone e anunciou eufórico:

– Atençon! Atençon! A senhorra Barnak acertou o "pica" da pombo!

Tinha acertado o bico da pomba...

***

A fama do Paixão – O caricaturista Ademir Paixão, aqui da Gazeta, tem uma chacrinha em Wenceslau Braz. Durante uma audiência trabalhista naquela cidade foi reconhecido pelo advogado adversário, seu fã.

No final da pendenga, o advogado propôs:

– Só faço e fecho o acordo se você fizer a minha caricatura.

Paixão topou e os traços ficaram tão perfeitos que a juíza que julgava ficou encantada com o trabalho do nosso artista, que timidamente pediu:

– Faça a minha também.

Tota Braga e o pinto – Pelos idos de 1961, o Antônio Braga, o Tota, filho do ex-governador Ney Braga, cantor lírico nas horas vagas, estudava no Colégio Santa Maria.

Um belo dia resolveu levar um pintinho pra sala de aula. Amarrou um dos pés do galináceo e o soltava entre as carteiras. O bichinho dava seus piu-pius, Tota recolhia, escondendo-o a cada aproximação do professor, até que foi pego e mandado para sala do diretor.

Como foi só e sem nenhum recado por escrito, teve que explicar a razão de sua presença.

– O que foi? – perguntou o chefão.

Tota, que tinha escondido o filhote nas costas, explicou.

– Vim mostrar o pinto pro senhor!

Depois do espanto do diretor, mostrou o pinto verdadeiro, segundo conta o engenheiro mecânico Luiz César Zaniolo, seu colega de sala.

A mulher toureira – Hildebrando de Araújo, além de dono de uma loja denominada Mousseline, ainda no tempo da guerra, era o dono do jornal Diário da Tarde.

Chegou em Curitiba um circo que tinha como principal atração uma mulher toureira. O sr. Hildebrando de Araujo ficou entusiasmado com a coragem da distinta e, além de mandar fazer uma reportagem, foi apresentá-la ao pessoal da oficina.

Chegou lá e anunciou:

– Atenção pessoal: eis aqui uma mulher de coragem, uma toureira!

Ninguém se mexeu e nem sequer virou a cabeça. O Luiz Vila, o Pinha, um dos linotipistas, foi o único que se manifestou e gritou:

– Grande coisa!

Contava ainda o jornalista Freitas Neto, que o sr. Hildebrando de Araujo incomodou-se, durante a Guerra, por causa do nome de sua loja. Uns "inteligentes" confundiram mousseline (nome francês de musselina, uma fazenda transparente muito usada então) com o ditador italiano.

Jura, um obstinado – Jurandir Marcondes Ribas – filho de Itaciano Marcondes, de saudosa memória, e que foi presidente do Atlético e da Federação de Futebol –, logo que se formou em Farmácia, foi morar em Piraí do Sul. Lá casou-se com a sra. Neusa Fanchin com quem teve muitos filhos, entre eles três médicos, inclusive o dr. Murilo, o Maradona, facultativo do Atlético.

Como fora nomeado diretor do Posto de Saúde, o Jura, como era chamado, vinha constantemente a Curitiba. Passava na casa dos pais e, depois, na da irmã, sra. Jandira – mãe de Peteco e do Atilano Oms –, onde tomava banho e ia cumprir seus afazeres.

Quando morava em Curitiba, residia na Carlos de Carvalho e jurava que nunca residiria ou passaria, além da Praça Osório.

Um dia, dona Jandira mudou-se para o Jardim Social.

Jura chegou em Curitiba para atender seus interesses na Secretaria de Saúde e ninguém conseguiu convencê-lo ir ao Jardim Social.

Foi no banheiro público da Praça Osório, passou uma água no corpo, trocou de roupa e foi cumprir o seu roteiro. E explicou:

– Passar da Praça Osório, jamais!

***

Picanha Lardeada

Lardear vem de lardo, que é toucinho, e lardear é entremear um pedaço de carne com o lardo. Melhor que toucinho é um bacon magro. Faça uma picanha lardeada que pode ser assada no forno ou mesmo na grelha. Vamos ao primeiro método.

Faça um molho com meia xícara de azeite de oliva e meia de óleo de milho. Para cada quilo de carne ponha uma colher de sopa rasa de sal. Pimenta pode ser a do reino moída ou então a calabresa. Uma cebola branca picadinha e ervas. Pode ser alecrim, tomilho ou manjericão. Um quarto de xícara de suco de limão ou a mesma quantidade de vinagre balsâmico.

Compre bacon em pedaços e corte em tiras finas e que seja, de preferência, bem magro e defumado. Escolha alguns dentes de alho bem grandes e corte-os em três fatias de comprido. Coloque no molho junto com os demais temperos.

Faça pelo menos nove furos na picanha, pelo lado da carne, e introduza em cada um deles uma fatiazinha de bacon e uma de alho.

Lambuze bem todo o tempero na picanha e deixe descansar pelo menos três horas.

Unte uma forma com banha de porco ou azeite de milho e ponha para assar em fogo médio, com a parte da gordura para baixo.

Em uma hora, com fogo médio, fica como rosbife. Se a turma gostar mais ao ponto, deixe mais uma meia hora. Mas o ideal é mesmo mal passada.

Acompanha bem uma farofa de lingüiça, arroz branco e uma salada verde. E vinho tinto.

* A coluna é dedicada ao promotor de Justiça dr. Álvaro Luiz Torrens, um fiel e assíduo leitor.

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