O diretor de cinema Ted Melfi já havia desistido. Após deixar recados em uma secretária eletrônica e enviar roteiros para um monte de caixas postais, o próprio Bill Murray, que não tem empresário e nem assessor, ligou para o celular dele uma manhã de domingo marcando um encontro dentro de uma hora em Los Angeles. Antes de dizer sim ao papel do ranzinza e bebum veterano da Guerra do Vietnã Vincent MacKenna no filme Um santo vizinho, Murray levou Melfi a um passeio inusitado pelo deserto da Califórnia. Juntos, atravessaram reservas indígenas e comeram em lanchonetes à beira da estrada. O que levou o diretor, segundo a edição brasileira de fevereiro da Rolling Stone, a suplicar a Murray: “Por favor, conte isso para alguém, porque ninguém vai acreditar em mim”.
“Ninguém vai acreditar em você” é o bordão que gira em torno da lenda de Bill Murray em encontros inusitados com gente anônima. Dizem que a frase teria surgido de dois causos. Um, de quando o ator abordou um pedestre na rua, tapou seus olhos com as mãos e o provocou a adivinhar quem era. Quando a vítima do trote descobriu que o fanfarrão era o intérprete do cientista Peter Venkman, dos Caça-Fantasmas, Murray soltou o mote “Ninguém vai acreditar em você”. O outro causo é de quando Murray entrou em uma lanchonete, caminhou até um rapaz que comia sozinho, pegou uma batata frita do prato e deu uma piscada a ele antes de dizer “Ninguém vai acreditar em você”.
Depois de ler a reportagem, fui fuçar na internet sobre esses encontros surreais. Reli alguns episódios já conhecidos, como da vez em que Murray aceitou cantar em um karaokê com desconhecidos ou de quando pulou para trás do balcão de um bar para servir doses de tequila às pessoas numa balada. E, jogando no Google a combinação “Bill Murray stories”, descobri que existe até um site (www.billmurraystory.com) que publica relatos dos sortudos que esbarraram com o ator em algum canto do mundo. Os contos mais legais são de quando as pessoas pedem autógrafos ou fotos. Murray não nega nem um e nem outro. Mas é bom estar preparado: não será de forma usual.
Murray não nega nem autógrafos e nem fotos. Mas é bom estar preparado: não será de forma usual
A minha história preferida do site é da garçonete Doreen, de um restaurante de Berlim, que pediu uma foto. A moça perguntou se Murray não se importava. “Não me incomodo, desde que seja uma boa foto. Mas acho que essa vai ficar bacana, porque você é bonita e vai estar nela”, declarou. Na imagem, Murray encara a moça com um olhar baixo, mas com afeição. “Era como se eu estivesse em Encontros e Desencontros”, comentou a garçonete, sentindo-se a personagem de Scarlett Johansson do filme pelo qual Murray foi indicado ao Oscar em 2004.
Mas a história mais sensacional é a dos caras que foram pedir um autógrafo e, por sugestão do próprio ator, deixaram de lado a assinatura para filmar um vídeo em slow motion com o ator, ao estilo Wes Anderson, diretor com quem Murray costuma fazer tabelinha. Além de ser hilário, dá para afirmar: se o vídeo não estivesse na internet, ninguém iria acreditar.
Veja vídeo slow motion de Bill Murray com fãs:
New {fake} Trailer from David Walton Smith on Vimeo.