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crônica

Era uma vez um homem das cavernas

Uma prima minha de Campinas chegou semana passada para alguns dias de férias em Curitiba. Ao embarcar no táxi na rodoviária, perguntou ao motorista o que tinha de bom para fazer na cidade. E a resposta foi, no mínimo, seca: “Nada. Aqui as pessoas só ficam em casa, debaixo das cobertas”, reclamou o chofer, prosseguindo o resto da corrida em silêncio.

Talvez nosso amigo taxista não ande frequentando os pontos certos na busca por passageiros. Porque, assim como o resultado da pesquisa publicada aqui pela Gazeta do Povo neste domingo, também acredito que o curitibano não seja mais aquele homem das cavernas, recluso e um tanto quanto monossilábico, que a má fama de tempos atrás tratou de espalhar pelo país.

Mais disposto

Pelas filas de táxis que se formam nas madrugadas em alguns pontos da cidade, como a Rua Trajano Reis, dá para concordar que o curitibano está mais disposto a se divertir.

O entra e sai de táxis nos salões de beleza também indica que, realmente, o curitibano está mais vaidoso. Como o taxista em questão ainda não tinha em seu carro uma maquininha de cartão para pagamento e nem estava cadastrado em nenhum aplicativo para receber pedidos de corridas, também não notou que a maioria da população considera estar mais moderna nos últimos anos.

Para falar nesse tom, talvez o taxista estivesse só um tanto o quanto nervoso com a falta de dinheiro na praça, com o trânsito cada vez mais infernal, com os riscos de assalto, com o preço do combustível e com os buracos que a cada chuva se reproduzem feitos Gremlins: basta o contato com a água para se multiplicarem. Ou seja, ele só estaria dentro dos 90% dos moradores que acreditam que o curitibano está mais estressado, precisando daquele descanso debaixo das cobertas para dar uma aliviada.

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