Jogos Pan-Americanos de Toronto rolando na televisão e a rapaziada aqui do trabalho deu um tempo para assistir à prova de saltos ornamentais. Lá pelas tantas, alguém disse que só o fato de chegar à beira da plataforma já era um ato de coragem. Mas ficar na ponta dos pés ou plantar bananeira bem na beiradinha e ainda ter de pegar impulso para pular é que é realmente complicado.
Chegar ao topo de onde se salta na prova é relativamente fácil. A escada tem corrimão, sobe-se como uma escadaria normal, com segurança. Na base da plataforma a coisa também é relativamente segura. Há parapeitos nas laterais. O problema é quando você chega perto da beirada, do local onde os competidores saltam. Tem mesmo de ter muito sangue frio para pular dez metros de altura e ainda pensar em fazer uma acrobacia no ar tentando cair perfeitamente de ponta na água.
Certa vez subi em uma plataforma de saltos por curiosidade. Me arrependo até hoje. Quando cheguei perto da beira, congelei. Não conseguia ir para trás, mesmo sabendo que isso significava ficar longe daquele precipício. Só quando você chega lá em cima e olha para baixo tem a real noção da altura: dez metros de queda livre. A vertigem toma conta.
Certa vez subi em uma plataforma de saltos por curiosidade. Me arrependo até hoje
Alguns anos depois fui cobrir uma prova de cliff diving – salto de plataformas que reproduzem penhascos. Era uma gente ainda mais maluca, que pula de alturas muito maiores que os dez metros da plataforma de saltos ornamentais. Aliás, o título da matéria que escrevi era bem propício: “Na sunga e na coragem”, mostrando que os competidores queriam que o esporte se transformasse em modalidade olímpica – o que até seria justo.
Um dos saltadores me disse que gostava de competir, mas que fazia aquilo mesmo por paixão, desde criança. Disse que quando estava de folga nas competições costumava procurar locais para pular de 30, 40 metros de altura, só por pura diversão.
Terminada a entrevista com os saltadores, não sei se por brincadeira ou falando sério, o pessoal da organização da prova convidou os jornalistas a subir na plataforma da qual os competidores saltariam no dia seguinte. Mesmo não sabendo se a coisa era séria, achei melhor descartar o convite logo de cara. Melhor não mexer com o desconhecido. Porque se na plataforma de dez metros eu paralisei completamente, na de 25 metros os efeitos poderiam ser bem mais constrangedores.