Sessenta reais pelo ingresso e mais R$ 45 pela camiseta amarela, comprada no camelô da Praça Carlos Gomes. Foi isso que me custou a minha estreia em Copa do Mundo. Fui à Arena da Baixada ver Irã e Nigéria, que até o momento carrega o título de pior jogo do Mundial. Por conta da falta de talento dos persas e dos nigerianos, há quem esteja torcendo o nariz para a estreia de Curitiba na Copa do Brasil. Injusto. Foi bonita a festa. Quem estava lá, saiu feliz. O clima era alegre desde quadras antes da zona de exclusão da Fifa. O espírito de confraternização tomava conta das pessoas. Ao chegar a Getúlio Vargas, tive a impressão de que estava na concentração do sambódromo, tamanha era a excitação das pessoas. Os voluntários estavam por todo lugar com seus sorrisos e orientações.

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O que seria desses grandes eventos sem os voluntários? Eles não se contaminam pelo medo e pela apreensão que as equipes permanentes carregam. Estão lá para trabalhar e para se divertir. São só sorrisos, só gentilezas. E tem as torcidas. Ah, as torcidas! De onde vinha toda aquela animação e extroversão dos iranianos? Não previam a incapacidade de sua seleção para fazer finalizações, para marcar um golzinho? Ouvi dizer que muitos que vieram ao Brasil moram nos Estados Unidos. Durante a revolução dos aiatolás, nos anos 70, famílias iranianas mais liberais buscaram exílio. Ou será que os que estiveram em Curitiba vieram daquelas províncias próximas ao Curdistão, onde os persas são minorias e várias outras etnias se misturam em combinações inimagináveis para nós, brasileiros?

Tirando os black blocs que apavoraram o Centro da cidade com seu protesto que não convence ninguém, que não representa ninguém, a estreia de Curitiba não confirmou as previsões pessimistas. "Imagina na Copa?", o mantra do desastre anunciado, não é mais lembrado. Desastre que não aconteceu neste primeiro jogo. Não houve caos no aeroporto nem na rodoviária nem nas ruas. O brasileiro estava sofrendo de vergonha antecipada porque sabe que temos um calcanhar de Aquiles: gestão rigorosa de projetos públicos não é nosso forte.

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Sediar um evento que atrai pessoas de fora em grande número, brasileiros e estrangeiros, é uma experiência que expõe as falhas da cidade. Isso é bom para se conhecer melhor o que temos de bom e o que temos de falho. Quase ninguém fala línguas estrangeiras, nossa sinalização urbana é confusa, nossa programação cultural é inconstante. Por outro lado, a Curitiba que vi enquanto caminhava pelas ruas ao lado de torcedores estrangeiros, olhando em volta para ver o que eles viam, essa Curitiba é uma boa cidade.

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