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Vídeo | Reprodução / Paraná TV
Vídeo| Foto: Reprodução / Paraná TV

Avenida Luiz Xavier, Avenida João Pessoa, Cinelândia, Boca Maldita ou simplesmente Avenida. Trecho do centro de Curitiba badalado pelos quatro cantos do Universo – sejamos modestos, nem tanto. Na verdade, por ali passa todo mundo que quer ver e ser visto.

Nos sábados pela manhã e até as duas da tarde, o movimento é especial. O comércio ainda aberto apresenta a desculpa para o desfile da ala feminina. Artistas apresentam e negociam seus trabalhos. Os mais antigos se reúnem nas tradicionais rodinhas de papo, cujo assunto se não for futebol só pode ser política, intercalando com viradas de cabeças para ver as moças que passam.

Os marroqueiros sempre oferecendo aquelas jóias de relógios ou então mercadorias fajutas made in Paraguai. Pedintes, mordedores e outros tipos. Um conjunto de músicos com fisionomias de índios sul-americanos que, entretanto, já estão na cidade há vários anos, tocando e cantando sempre a meia dúzia de músicas de seus repertórios. E viva Juan Talamera! Sei lá se é assim que se pronuncia.

Domingo é dia de pescaria. Na Boca, o domingo é dia de aparecerem alguns políticos para desfilar e deitar seus conhecimentos eruditos sobre a arte da politicagem. Astutos que são, tratam com polidez o pessoal que acreditam ser voto certo. Em compensação, têm de agüentar os mordedores, que infestam o ambiente qual moscas varejeiras. Cafezinhos e a compra de jornais são geralmente as desculpas usadas para chegar até a maldita Boca.

Não só de políticos astutos é a freqüência local. Um ou outro jornalista acaba aparecendo para tentar colher alguma notícia em primeira mão. Entretanto, o que vai ouvir será muita fofoca e boataria. Não existe melhor lugar para espalhar um boato, desde que seja bem explanado e cheirando à verdade. E, sutilmente, dirigida ao ouvido certo, a notícia se espalha mais rápido que rastilho de pólvora.

Outro tipo de freqüentador dominical é o apreciador de aperitivos, que geralmente chega lá pelo meio-dia procurando os companheiros tradicionais da opa. Pouco papo e vamos tomar uma porque ninguém é de ferro, principalmente os apreciadores da maldita. Dali a pouco, encontramos o pessoal espalhado em mesas e balcões dos botecos da redondeza. Um dos preferidos – principalmente pelo escriba aqui, que também não é de ferro – é o Maneko’s Bar. Ali sim, é uma extensão da Boca Maldita – um zunzum das conversas enche o ar. Vai correr! É o Manoel Alves anunciando mais uma rifa, ele é o Maneco. A rifa, uma das várias vendidas durante a manhã pelo Chico Gago. Correu! É o galo, número 13! Marcão, um dos habitués, ganhou a galinha gigante.

Aos companheiros do Bar do Maneco e ao próprio, apresentamos as fotos antigas que seguem da Boca Maldita, cujo boteco é uma extensão da própria. A primeira fotografia foi feita em 1930, mostrando a Avenida Luiz Xavier e a parte leste de Curitiba. A imagem foi gravada de cima do Palácio Garcez, então em construção, quando o mesmo seria o edifício mais alto da capital, e que de fato foi por muitos anos.

Na segunda foto, feita em 1929, vemos parte da Avenida em direção à Rua XV. À direita, vemos o Palácio Avenida, recém-construído.

A terceira imagem foi tomada da Praça Ozório para a Avenida Luiz Xavier, em 1920. Podemos notar o trânsito de bondes elétricos e a alameda central, com duas alas arborizadas.

A quarta foto mostra um grupo de trabalhadores retirando os trilhos dos bondes que haviam deixado de circular por aquele espaço no ano de 1939. A imagem foi feita no ano de 1941, e no Cine Avenida estava passando o filme "... E o Vento Levou". Sugestiva alusão também para o nosso passado, que já se foi.

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