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Fotografia feita em 1905 da Rua João Negrão, onde vemos a primeira Ponte Preta, inaugurada em 1885. A atual foi instalada na década de 1940 |
Fotografia feita em 1905 da Rua João Negrão, onde vemos a primeira Ponte Preta, inaugurada em 1885. A atual foi instalada na década de 1940| Foto:
  • Rua Bento Viana, bairro Água Verde. Foto do corte das magnólias, em 1970, executado em favor da moradia de um promotor por estar causando umidade nas paredes
  • Carvalho plantado no Passeio Público pelo presidente Taunay na inauguração do parque em maio de 1886. A árvore histórica morreu por maus-tratos antes de completar cem anos
  • Árvore de Natal ornada com vasos de flores, nas esquinas das ruas XV e Barão do R. Branco, foi saqueada por passantes. Tinha piá vendendo os vasinhos nas bandas do Portão
  • Corticeiras da Avenida Luiz Xavier. Uma delas foi extirpada na semana passada por ter derrubado um galho em plena calçada

Os amigos leitores já devem ter percebido que certos fatos só podem mesmo acontecer em nossa cidade, isso porque em outras plagas não existem as coisas que temos por aqui. Um dos exemplos é a estátua do homem nu da Praça 19 de De­­zembro. O monumento foi feito para ficar lá solitário, sozinho, sem companhia alguma. De repente eis que lhe surge uma companheira – mulher cansada que ficou durante anos nos fundos do Palácio Iguaçu, rejeitada como símbolo da nossa Justiça.

Algum especialista, metido a cupido, resolveu que ela deveria ficar fazendo parceria com o peladão da praça que, em sua frieza de granito, nem tomou conhecimento. Curitiba tem dessas coisas, muitas vezes o que não é fica sendo. Um exemplo são os nossos políticos, louquinhos para colocar placas de bronze só para não perderem a chance de mostrar que estiveram por aqui. Um prefeito chegou ao cúmulo de mudar o relógio da Praça Osório para a Avenida Luiz Xavier, a fim de poder enfiar a plaquinha com seu nome.

O governador que saiu, e que está esperando uma "boquinha" no governo federal, chegou ao desplante de "reinaugurar" o Palácio Iguaçu, como se a obra feita para comemorar o Centenário do Paraná não tivesse valor algum sem a placa com seu nome. As portas que introduzem certos nomes na história muitas vezes são arrombadas com pés de cabra, e de bronze.

Episódios mais recentes mostram como as coisas acontecem aqui na "Capital Ecológica" que, em outras épocas, já chegou a ser chamada de "Cidade Sorriso". Todo curitibano da gema conhece a famosa Ponte Preta da Rua João Negrão, os mais antigos ainda lembram dos apitos das locomotivas quando chegavam ou partiam da velha estação. Pois bem, tudo acabou, a estação virou shopping, não existem mais os trilhos da estrada; sobrou só a velha ponte, que também não é tão velha.

Hoje um trambolho, tombada como histórica, cuja utilidade é fazer ligação do nada a coisa nenhuma. Como lembrança histórica podia ser usada outra vez para proteger o pessoal que ali vendia caranguejos, ou então uma placa registrando o folclore de que, sob a sua proteção, se fazia correr o jogo do bicho, até mesmo o registro da grande mentira que o aviador "Melo Maluco" passou por baixo da mesma com sua aeronave. Hoje a grande utilidade da Ponte Preta está no fato de ela ser especializada em entalar caminhões e ônibus que distraidamente se atrevem a transpô-la, por baixo é claro.

Outra coisa que nossas autoridades são extremamente rápidas em realizar são os cortes de árvores em vias públicas. Agora, se o alegre munícipe tiver uma árvore em seu jardim ou quintal que esteja ameaçando a integridade da própria casa, vai ter que enfrentar a preguiça dos burocratas. Nem com reza braba consegue a licença para o corte. Na rua é zás-trás: um galho na cabeça de um passante pode significar processo e indenizações, coisas que são indigestas aos cofres públicos.

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