Muito se tem falado sobre o velho Iguaçu, rio que nasce em Curitiba e viaja rumo ao Oeste paranaense. Esse rio já forneceu riquezas para o povo instalado em seu vale, principalmente em dois ciclos econômicos da história do Paraná a erva-mate e a madeira, produtos da região e que desenvolveram a navegação a vapor em suas águas. Sua força hidráulica expandiu o estado com sobeja energia elétrica. Hoje o velho rio já não é mais o mesmo, está decrépito e moribundo. Suas águas limpas e piscosas, nas várzeas curitibanas de anos passados, já não são mais carregadas de vida, principalmente até chegarem à região de Porto Amazonas. Na minha mocidade, pesquei muito no Iguaçu, aqui pelas cercanias de Curitiba. Na Boneca do Iguaçu, no Umbará na foz do Rio Tatu, no quilômetro 18 em Fazenda Rio Grande e lá também nas afluências dos rios Mascate e Maurício e ainda em Araucária.
Os lambaris, acarás, jundiás, saicangas, cascudos e outros espécimes, que ali viviam, sumiram. Lembro da última pescaria feita na foz do Maurício: em cinco companheiros, conseguimos pouco mais de vinte quilos de peixes, a maioria acarás. Ao serem levados à fritura recenderam um forte odor de petróleo, e quem experimentou constatou um gosto intragável de querosene. Isso foi em 1960. Nunca mais se pescou naquela região. Abaixo do Caiacanga, no Porto Amazonas, várias tentativas fizemos. Apesar de se fisgar algum peixe, o que mais assustava eram as enormes bolas de espumas que se levantavam nas corredeiras, provenientes de materiais detergentes transportados pelas águas.
A realidade é que nós curitibanos, com a colaboração de outras cidades da região metropolitana, estamos matando paulatinamente o velho Iguaçu. Os inúmeros córregos que serpenteiam pela bacia da capital e mais os rios Belém, do Ivo, Barigui e Água Verde e outros menores, transportam toda a imundice, restos de cozinhas, lavagem de automóveis, limpeza de calçadas e tudo isso somado aos esgotos de uma infinidade de sanitários que são despejados impunemente em nossas torrentes escondidas abaixo dos pavimentos.
Louvável é a campanha que se pretende desencadear para salvar o Iguaçu. Entretanto, isto jamais será conseguido se continuarmos a varrer o lixo para baixo do tapete. Águas do Amanhã é o nome da campanha, na qual está engajada a RPC junto com demais instituições, que pretende conscientizar a população para que participe ativamente na empreitada. Para que haja sucesso será preciso que exista uma fiscalização ferrenha e constante, e por muito tempo. Temos de salvar as nossas fontes de águas, antes que seja tarde e deixemos uma herança macabra para os nossos vindouros habitantes.
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