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A cidade de São Mateus do Sul nasceu e vive na margem do Rio Iguaçu. Na época da navegação, que findou em 1953, foi um centro econômico de mate e madeira. Foto de 1934 |
A cidade de São Mateus do Sul nasceu e vive na margem do Rio Iguaçu. Na época da navegação, que findou em 1953, foi um centro econômico de mate e madeira. Foto de 1934| Foto:
  • A navegação dos vapores era feita, além do Iguaçu, em muitos dos seus afluentes. Aqui vemos o vapor
  • Vapor carregado com sacas de erva-mate singra as águas do Rio Iguaçu no fausto daquela economia, nos anos de 1930
  • Foto da Ponte do Caiacanga, onde começam as corredeiras do Iguaçu. Foto de 1907
  • Porto no Rio Iguaçu. Os vapores estão inativos em razão da seca. Foto da década de 1940
  • O Rio Iguaçu, quando limpo, permitia que banhistas ali praticassem suas horas de lazer. Foto de 1930

Muito se tem falado sobre o velho Igua­­çu, rio que nasce em Curitiba e viaja ru­­mo ao Oeste paranaense. Esse rio já forneceu riquezas para o povo instalado em seu vale, principalmente em dois ciclos econômicos da história do Paraná – a erva-mate e a ma­­deira, produtos da região e que desenvolveram a navegação a vapor em suas águas. Sua força hidráulica expandiu o estado com sobeja energia elétrica. Hoje o velho rio já não é mais o mesmo, está decrépito e moribundo. Suas águas limpas e piscosas, nas várzeas curitibanas de anos passados, já não são mais carregadas de vida, principalmente até chegarem à região de Porto Amazonas. Na minha mocidade, pesquei muito no Iguaçu, aqui pelas cercanias de Curitiba. Na Boneca do Iguaçu, no Umbará na foz do Rio Tatu, no quilômetro 18 em Fazenda Rio Grande e lá também nas afluências dos rios Mascate e Maurício e ainda em Araucária.

Os lambaris, acarás, jundiás, saicangas, cascudos e outros espécimes, que ali viviam, su­­miram. Lembro da última pescaria feita na foz do Maurício: em cinco companheiros, conseguimos pouco mais de vinte quilos de peixes, a maioria acarás. Ao serem levados à fritura recenderam um forte odor de petróleo, e quem experimentou constatou um gosto intragável de querosene. Isso foi em 1960. Nunca mais se pescou naquela região. Abaixo do Caia­­canga, no Porto Ama­­zo­­nas, várias tentativas fizemos. Ape­­sar de se fisgar algum peixe, o que mais assustava eram as enormes bolas de espumas que se levantavam nas corredeiras, provenientes de materiais de­­tergentes transportados pelas águas.

A realidade é que nós curitibanos, com a colaboração de outras cidades da região metropolitana, estamos matando paulatinamente o velho Iguaçu. Os inúmeros córregos que serpenteiam pela bacia da capital e mais os rios Belém, do Ivo, Barigui e Água Verde e outros menores, transportam toda a imundice, restos de cozinhas, lavagem de automóveis, limpeza de calçadas e tudo isso somado aos esgotos de uma infinidade de sanitários que são despejados impunemente em nossas torrentes escondidas abaixo dos pavimentos.

Louvável é a campanha que se pretende desencadear para salvar o Iguaçu. Entretanto, isto jamais será conseguido se continuarmos a varrer o lixo para baixo do tapete. Águas do Ama­­nhã é o nome da campanha, na qual está engajada a RPC junto com demais instituições, que pretende conscientizar a po­­pulação para que participe ativamente na empreitada. Para que haja sucesso será preciso que exista uma fiscalização ferrenha e constante, e por muito tempo. Temos de salvar as nossas fontes de águas, antes que seja tarde e deixemos uma he­­rança macabra para os nossos vindouros habitantes.

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