Atendendo à minha origem católica, reservei algumas fotografias antigas ligadas à religião e ao então movimento dos fiéis em várias comemorações e solenidades realizadas em vias públicas.
A Semana Santa perdeu muito das celebrações que eram desempenhadas há cinqüenta anos, ou mais. Lembro do meu tempo de freqüência na igreja, desde a primeira comunhão passando por coroinha, em seguida a cruzado eucarístico e, finalmente, congregado mariano, tudo isto nos bons tempos da Igreja de Santa Terezinha, sob o comando do então padre Jerônimo Mazzaroto e, posteriormente, com o genial e amigão Ivo Zanlorenzi, ambos de saudosa memória.
Naquele tempo, a Quaresma era respeitadíssima. A piazada não podia fazer as suas costumeiras bagunças e alaridos, pois era seriamente advertida pelos mais velhos. Assoviar? Nem pensar. O silêncio respeitoso daqueles quarenta dias após o carnaval marcou a memória de quem vivenciou tais momentos. As emissoras de rádio somente tocavam músicas sacras ou clássicas, respeitosamente.
Os dias santos começavam já na quinta-feira, que também era guardada como feriado. A cerimônia do Lava-pés. A guarda ao Santíssimo feita nas igrejas pelos congregados marianos se iniciava à meia-noite, através de rezas e ladainhas, que iam até o amanhecer da sexta-feira. A procissão do Senhor Morto lembrava um funeral, com os participantes portando velas e rezando atrás de um andor, onde estava a imagem de Cristo retirado da cruz.
Algumas igrejas promoviam, durante a procissão, um encontro de Jesus crucificado com sua Mãe Dolorosa. A Sexta-Feira da Paixão era o ponto alto da cerimônia do sofrimento e morte do Salvador.
Raiava o sábado de Aleluia e o movimento já era outro, compras eram feitas nos açougues para o grande almoço do Domingo de Páscoa, quando findava o jejum da Quaresma. Era costume, e ainda é, de os polacos levarem os alimentos que seriam consumidos no almoço para o padre benzer durante a missa das 10.
Na Quaresma, ninguém casava; não se fazia festa de espécie alguma. Entretanto, na noite do sábado de Aleluia, várias sociedades promoviam bailes, que amanheciam. Era também à noite que a piazada, na calada da madrugada e antes do término dos bailes, ia roubar portões das entradas das casas e que esses eram escondidos geralmente em terrenos baldios, amanhecia o domingo com muita gente procurando os seus ditos portões.
O ponto alto, para a meninada e até para muito marmanjo, acontecia ao meio-dia do sábado: era a hora de malhar o Judas. A figura do traidor de Cristo era representada pelos mais diversos tipos de bonecos, muitos deles simulando políticos e outros, elementos que não eram do agrado popular.
Hoje muitos desses costumes desapareceram, engolidos que foram pelo afastamento e mesmo debandada dos menos crédulos. Ficou apenas a memória de quem viveu naqueles tempos. Ilustramos a Nostalgia deste Domingo de Páscoa com fotos ligadas a festividades da Igreja Católica em Curitiba, nos tempos de muita Fé.
A fotografia número 1 mostra a procissão do encontro da Mãe Dolorosa com seu Filho crucificado, em frente da antiga Igreja do Rosário, no ano de 1939.
Na segunda foto, feita em frente da Catedral, vemos a solenidade da Missa Campal, por ocasião da Páscoa dos militares, em 1935.
Na terceira foto, a procissão das Filhas de Maria passa, solenemente, pelo arco montado na Rua XV de Novembro, na entrada da Avenida Luiz Xavier, em 1953.
Encerramos com a fotografia imponente da Catedral de Curitiba, tendo a Praça Tiradentes em primeiro plano, no ano de 1926.
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