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Nostalgia

Aniversário

Vídeo | RPC TV
Vídeo (Foto: RPC TV)

Dezoito anos! É, caro amigo leitor, a Nostalgia está completando a maioridade. Foi ontem, 4 de junho de 1989, domingo, a primeira página de uma série que agora completa 936 vezes; novecentos e trinta e seis domingos. O escriba aqui tinha 53 anos, hoje está com 71. Felipe, o neto mais velho, estava para nascer. Hoje já é universitário. Como dizia o velho Lulo, meu pai, "A vida vai a galope!"

O mérito da existência da Nostalgia fica na conta de quem a criou, o diretor da Gazeta do Povo, jornalista Francisco Cunha Pereira Filho. Que Deus abençoe este homem de visão extraordinária, amante da terra onde nasceu.

Para festejar a data, vou dar mais uma voltinha pelo meu berço curitibano, o bairro do Batel. Aproveito os acontecimentos que incidem atualmente na freguesia para dar uma esticada na memória da mesma, sem ir muito longe. Meio século, viajando da década de 1950 para frente.

Quando a Avenida do Batel ia da esquina da Rua Ângelo Sampaio até a pracinha que hoje a prefeitura está por mutilar. Dali para frente, começava o bairro do Seminário. Até a Avenida Sete de Setembro era Batel, a barroca onde hoje está a Praça do Japão já era Água Verde.

O campo e o estádio do Juventus delimitavam o Batel com o Bigorrilho. Havia muito campo, muita área verde com pinheiros por todos os cantos. Quintais enormes abrigavam árvores frutíferas e parreirais, hortas e galinheiros. O ar puro tinha cheiro, cheiro de vida. Vida bem vivida por toda a vizinhança. Bom dia! Boa tarde! Muito obrigado! Com licença! Todos eram conhecidos; cada um sabia o que o outro fazia, quem eram os parentes e quem eram os forasteiros.

Mato da Providência, mato do Macedo, Parque Cruzeiro, campo do morro do Hospital Militar, Rio do Ivo, que a piazada chamava de Rio do Tonho. O bosque de dona Izabel Gomm, o castelo do Guimarães pegado com o castelo Hildebrando de Araújo. A padaria Bürgel, a farmácia do João Urban, o armazém do Valentim, a padaria Drongeck, a quitanda da dona Olga Lau. Os vizinhos: Nhonhô Santos, alfaiate e dono do botequim que cheirava a cachaça com capilé, o barbeiro Edmundo Wekerlin, a fabrica de cêra Kosmos, que ardeu em incêndio monumental em 1941.

O Engenho do Banco, como era conhecida a indústria de beneficiar erva-mate, cujo sócio era o seu Edgar Linhares, que o pessoal chamava de Padre. O feitor do engenho, seu Carlos Santos, grande praça o velho Carlito.

Acho bom ir parando por aqui, afinal de contas acabei evocando antigos espaços e revendo os fantasmas da minha juventude, uma nostalgia egoísta que, por força de vivência, é só minha e que, entretanto, faço questão de dividir com todos. Para essa partilha, separei algumas fotos das mais diversas épocas do velho e saudoso Batel.

A primeira fotografia é uma artisticamente tratada e que mostra a fachada do Engenho do Banco, como era conhecido o estabelecimento da firma B.R. de Azevedo. Essa construção desapareceu no final da década de 1960, hoje no local se constrói uma igreja presbiteriana.

Saltamos para a segunda fotografia, feita em março de 1982, estamos em frente à antiga Churrascaria Cruzeiro no momento em que era realizado um desfile escolar participando da festa promovida pela Sociedade Amigos do Batel, criada pelo coronel Ney Sales, então comandante do 5.º Belog, cujo quartel é ocupado atualmente por um shopping.

A terceira foto mostra o desfile de automóveis que a juventude curitibana fazia aos domingos, após terem perdido o espaço para circularem pela Rua XV de Novembro, que havia sido destinada exclusivamente aos pedestres.

Na quarta foto, vemos a mansão da família Gomm, já completamente descaracterizada e sem o bosque que a envolvia. A imagem foi feita há pouco mais de uma década, quando ali se realizou um evento de artes decorativas. Hoje a mansão foi transportada para outro espaço do terreno, perdendo o valor histórico que possuía.

Na quinta foto, mostramos uma imagem atual mas muito importante para o Batel. Apresenta a casa que pertenceu ao senador Accioly Filho e que foi conservada por um de seus filhos. Ela representa a luta pela sobrevivência de uma imagem histórica do bairro, contra a paisagem cercada pelos espigões. Essa sobrevivência não se sabe até quando irá durar.

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