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Nostalgia

Atentando aos detalhes

Largo da Ordem no início de 1900 |
Largo da Ordem no início de 1900 (Foto: )
Largo da Ordem e Rua José Bonifácio, em 1907 |

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Largo da Ordem e Rua José Bonifácio, em 1907

Estação de bondes na Praça Tiradentes, em 1948 |

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Estação de bondes na Praça Tiradentes, em 1948

Rua Marechal Deodoro e Praça Zacarias, em 1949 |

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Rua Marechal Deodoro e Praça Zacarias, em 1949

Rua Cândido Lopes vista da Praça Tiradentes para baixo, em 1941 |

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Rua Cândido Lopes vista da Praça Tiradentes para baixo, em 1941

Compressora trabalhando com plateia de curiosos, em 1912 |

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Compressora trabalhando com plateia de curiosos, em 1912

O viajante normal, ou seja aquele que vai para ou­­tras paradas, as quais não conhece, e versado co­­mo turista é um ávido anotador de detalhes, na maioria das vezes induzido por um guia. Quando as observações são feitas por conta própria, as minúcias anotadas tornam-se realmente interessantes.

Os leitores aqui da Nostalgia não deixam de ser, também, turistas viajando no tempo através das fotos antigas. Muitos de­­les nos chamam a atenção para detalhes das imagens, coisas, por exemplo, que prenderam mais as suas atenções, como trajes, ele­­gância, tipos de conduções, paisagismo e tantas outras coisas interessantes que sumiram do cenário remoto da cidade antiga.

Detalhista, como toda criança o é, meu neto Felipe, hoje com seus 20 anos, era fissurado em dinossauros. Tanto o era que, com 3 anos e meio de idade, me fez levá-lo ao cinema para assistir à estreia do filme Parque dos Dinossauros. Gostou tanto que tornou a rever o filme por cortesia da gerência do cinema. Ví­­deos, publicações e toda espécie de bonecos que representassem as figuras dos pré-históricos animais ele os possuía, sabendo o nome de cada espécie.

Certa ocasião passávamos de carro pela Boca Maldita, e o Fe­­lipe fez a pergunta: "Cid, se a gente cavar um buraco aqui en­­contra algum dinossauro?" Per­­gunta que respondi com humor irônico: "Não precisa cavar, aqui em cima mesmo está cheio deles". Até hoje o piá não deve ter entendido o que eu quis di­­zer. Hoje, entretanto, eu me redimo. Estou publicando uma fotografia do tempo em que Curitiba tinha dinossauro, e na Praça Tiradentes.

A imagem não foi feita na era jurássica, mas sim há pouco mais de sessenta anos. Foi precisamente no dia 5 de junho de 1948 que o fotógrafo Domingos Foggiatto flagrou o bichão aboletado em cima da Estação de Bon­­des da Praça Tiradentes fazendo propaganda do óleo lubrificante Sinclair. Estava lá o nosso dinossauro.

Recentemente o arqueólogo Igor Schmyz, escavando na Praça Tiradentes, encontrou o que pa­­recia ser um calçamento dos primórdios de Curitiba. Remexendo fotos do acervo, encontrei duas ima­­gens do começo do século passado da Praça Coronel Enéas, local que já possuiu diversos no­­mes ao longo dos anos, tais como Largo da Ordem Terceira, Largo de São Francisco das Chagas, Pá­­tio do Senhor do Terço, Pátio do Cha­­fariz da Cruz, Pátio da Ca­­rio­­ca da Cruz e local que todo curitibano conhece hoje como Largo da Ordem. Muito bem, nas imagens que estão sendo publicadas vemos o seguinte:

A primeira foto, tirada no início de 1900, vemos o Largo da Or­­dem com o leito da rua ainda de terra, tendo à direita um quiosque e o poço onde a população lo­­cal servia-se de água, poço mais conhecido como Chafariz ou Carioca da Cruz. No meio aparece a antiga Rua Fechada, hoje José Bonifácio, sendo que em seu centro aparece uma faixa calçada com pedras irregulares e iguais às encontradas na Praça Tiradentes. Tal calçamento nada mais era do que uma sarjeta para conduzir as águas das chuvas sem que elas causassem erosões em suas passagens.

Na segunda foto, já em 1907, a Rua José Bonifácio aparece calçada com paralelepípedos e exatamente onde estava à sarjeta. Notamos as pedras desencontradas como que marcando o velho canal por onde escorriam as águas pluviais.

Ainda colocamos mais três fotos com aspectos curiosos cujos detalhes o leitor poderá constatar. Uma das fotos foi feita da Rua Marechal Deodoro em direção à Praça Zacarias, onde se concentra um farto movimento com pedestres, bicicletas, automóveis e bonde, tudo isto há meio século.

Ainda temos a imagem da Rua Cândido Lopes recém-aberta, en­­tre a Praça Tiradentes e a Rua Dr. Murici, em 1941. O destaque fica por conta da torre do Quartel dos Bombeiros – hoje no local a Bi­­blioteca Pública –, do alto daquela torre um bombeiro vigiava quase que Curitiba inteira.

Terminamos com uma peça curiosa trabalhando na Praça Tiradentes: a máquina, uma com­­pressora, compactando o solo para a colocação dos trilhos para os bondes elétricos em se­­tembro de 1912. Tal compressora era movida a lenha e a vapor e funcionou nas ruas curitibanas até a década de 1950. Sua presença era um espetáculo extraordinário para a piazada e também para os adultos em geral.

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