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Em 1912 estourou a Campanha do Contestado com a revolta dos colonos que residiam às margens da Estrada de Ferro São Paulo–Rio Grande, obra que havia sido construída por norte-americanos e como parte do pagamento receberam para corte e beneficiamento toda a madeira de lei existente às margens da estrada em 20 quilômetros de cada lado.

A revolta agreste iniciou-se ao comando de um falso monge seguido por campônios fanáticos tendo sido travada uma batalha nos campos do Irani, no município de Palmas, onde morreram, além de colonos e soldados da Polícia Militar do Paraná, o comandante destes últimos, o coronel João Gualberto, e o próprio monge conhecido como José Maria.

Estava iniciada a campanha contra os colonos revoltados, expedição assumida pelo Exército e que durou três anos, terminando somente em 1915, sendo que neste ano assumiu o comando das tropas legalistas o general Setembrino de Carvalho. A aviação estava em seus primórdios no Brasil e Setembrino resolveu usar aeroplanos para reconhecimento dos terrenos ocupados pelos revoltosos. Vieram do Rio de Janeiro três aparelhos que ficaram hangarados em União da Vitória. Um dos pilotos era o tenente Ricardo Kirck, que foi vítima de acidente quando fazia um vôo de reconhecimento. Foi a primeira vez que foram usados aviões em combate na América Latina, e Kirck foi a primeira vítima da aviação em ação militar.

Em maio de 1916 desembarcou em Curitiba o Pai da Aviação, Alberto Santos Dumont, que vinha atravessando o Paraná, por terra, desde Foz do Iguaçu, passando por Guarapuava e Ponta Grossa. A cidade vibrou com a visita do ilustre patrício que aqui ficou durante três dias, sendo paparicado pelas autoridades e pela população curitibana.

Durante sua estada, hospedou-se no Grande Hotel Moderno e foi ciceroneado pelo então secretário de Interior e Justiça, o advogado Enéas Marques. Duas visitas, além da recepção na casa do presidente do estado Afonso Camargo, marcaram sobremaneira a sua passagem por Curitiba.

A primeira foi feita à Escola Santos Dumont, da professora Mariana Coelho, sua proprietária e fundadora, fato que se deu em 1905. A segunda visita ocorreu em festival preparado especialmente ao ilustre visitante no estádio do Internacional Futebol Clube, onde hoje está o Estádio Joaquim Américo, do Clube Atlético Paranaense. Foi outorgado um título de sócio honorário daquele clube, embrião do atual Atlético. Por esta razão os torcedores do rubro-negro dizem com orgulho que Santos Dumont era atleticano.

Ilustramos a Nostalgia de hoje com as seguintes fotos: na maior vemos os alunos e professores da Escola Santos Dumont em 1905. Na primeira imagem vemos o Pai da Aviação nas arquibancadas do Internacional FC, entre Enéas Marques e Afonso Camargo. Na segunda foto o povo cercando Santos Dumont em frente ao Grande Hotel.

Mostramos ainda aspecto colhido em frente ao hangar de União da Vitória onde aparecem os oficiais superiores que comandavam a Campanha do Contestado (terceira imagem) e no medalhão vemos a fotografia do tenente Ricardo Kirck (foto 4), morto em acidente aviatório no final da campanha.

No próximo domingo mostraremos a criação de uma escola de aviação no bairro do Portão, um ensaio para a fundação do futuro Aéreo Clube do Paraná.

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