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Nostalgia

Bilhete postal

Hoje em dia acontece uma coisa que há al­­guns anos seria ensejo de ficção. Quantas ve­­zes em nosso tempo de piá não imaginamos poder nos transportar para onde quiséssemos só pela força do pensamento? Inúmeras foram as ocasiões em que voei pelos tempos – passado, presente e futuro. Para ajudar a imaginação, certa feita escutei uma palestra do então padre Mazzaroto, que, com sua voz nasal, dizia: "Depois da nossa morte a alma se liberta e aquela que for ao Paraíso poderá se locomover instantaneamente para onde quiser ir, seja para a China, para a Lua ou para Marte".

Ah! Velho e saudoso Dom Jerônimo. Se a minha imaginação já era cheia de aventuras mirabolantes, aquele seu papo de se transportar instantâneo me deixou com a cuca cheia de caraminholas. E que tal se um dia a gente possa fazer isto sem precisar bater as botas? Como dizia o velho Lulo: Pórco Giuda! Não há de ver que este dia já chegou! Via internet a gente pode varrer o mundo em tempo imediato, milhares de quilômetros em frações de segundos.

Aconteceu outro milagre. Hoje qualquer pessoa sentada confortavelmente em sua poltrona não precisa se preocupar em ir para extremos do globo, ou para a Lua e até para Marte. Não precisa porque tudo isto vem até nós, em tempo real, pela televisão. A engenharia eletrônica está cada vez mais avançada e, a cada pouquíssimo tempo, surpreende a humanidade com novidades fabulosas. Estamos na Era das Comunicações.

No século passado ocorria no mundo uma maneira interessante de se comunicar. Aliás, costume até hoje em uso: a correspondência através de cartões-postais. Alguém viaja para determinado recanto e de lá envia um postal a pessoas de seu círculo de convivência social. Tais cartões, normalmente fotográficos, focalizam tanto a atualidade como tempos já vividos. Na época presente, colecionadores desses suportes de imagens históricas vasculham os sebos para fazerem suas aquisições.

A Nostalgia de hoje apresenta sete postais históricos que pertenciam à saudosa Pórcia Guima­­rães, que foi uma das minhas professoras do curso primário. Pouco antes de falecer, ela me entregou a sua interessante coleção de tais imagens para que as mesmas fossem usadas para ilustrar esta página.

Tais postais constam de imagens que realmente marcam momentos vividos no século que passou. Como, por exemplo, a do presidente Getúlio Vargas saboreando um cafezinho com uma mensagem do Departa­­men­­to Nacional do Café mos­­tran­­do Vargas como o grande protetor da rubiácea.

Outro cartão-postal, este distribuído aos passageiros da Com­­panhia Aérea Real, elogiava a aeronave que estava sendo usada como sendo o mais moderno, veloz e luxuoso avião de passageiros em serviço nas linhas aéreas, com cabine pressurizada para voos a grandes altitudes. Aprecie a sua próxima viagem num confortável Super Convair 340 da Real!

Uma moradora de Joinville remetia para uma amiga de Ponta Grossa o postal que mostra o dirigível Graf Zeppelin sobrevoando aquela cidade catarinense no dia 1.º de julho de 1934. Um curitibano de nome Adolar envia para seu amigo Olympio Vidal, residente em São Bento do Sul, o cartão com a imagem da Associação Comercial do Paraná, em 1928.

Em Santa Felicidade, a Cas­­catinha do Rio do Uvu já foi motivo para um cartão-postal impresso pela Livraria Econômica, através de fotografia feita por Anni­­bal Requião em 1904. Outro pos­­­­tal impresso, também do começo do século passado, foi feito em Ponta Grossa, com uma vista da Avenida Vicente Ma­­chado da­­quela cidade – no verso, consta como editor Alberto Ausbach. Ainda temos a fotografia em postal de A. Weiss, que mos­­tra a fa­­chada da Vila de Guaratuba na baía, imagem feita em 1935.

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