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A Avenida Vicente Machado em fevereiro de 1956. À esquerda, o então Grupo Escolar Julia Wanderley |
A Avenida Vicente Machado em fevereiro de 1956. À esquerda, o então Grupo Escolar Julia Wanderley| Foto:
  • A Vicente Machado, vista da frente do G.E. Julia Wanderley em direção ao Campina do Siqueira, em 1950
  • Foto aérea da Avenida Vicente Machado e Hospital Militar, atual vizinhança do colégio. A imagem é de meados da década de 1930
  • A cabeça recuperada de Júlia Wanderley em foto de fevereiro deste ano e a mesma cabeça, fotografada no dia 7 deste abril, outra vez barbarizada
  • No hall de entrada do colégio um cartaz esconde a placa que homenageia a primeira diretora, a professora Isolda Schmid

Os leitores que apreciam esta página, principalmente pelas fotografias que a ilustram, sabem perfeitamente que a condição máxima deste espaço foi sempre o de preservar, levantar e oferecer a todos a salvaguarda da nossa memória histórica. Entre­­tan­­to, alguns poucos não entendem o que seja preservar a memória; assim como outros poucos, sem ter conhecimento algum dos fatos, simplesmente se apoderam de textos sem mudar uma vírgula e os colocam na internet como de própria autoria.

Em 26 de julho de 2009, saiu neste espaço a matéria com o título "Dona Julia Wanderley", baseada principalmente no fato ocorrido contra o busto da mestra que se encontra em frente do colégio que leva o seu nome, instalado na Avenida Vicente Ma­­chado, em Curitiba. No aludido texto contamos um pouco da vida da nobre professora, com base principalmente nas entrevistas que tivemos com seu filho, no transcorrer do ano de 1972.

Sentimos a satisfação de ver o busto restaurado no começo deste ano e, inclusive, elogiamos o trabalho de recuperação, executado por alguém que não conhecemos, como um serviço perfeito. A aludida matéria foi publicada na Nostalgia, no dia 7 de fevereiro do corrente ano. Agora pasmem os leitores, passando pela frente daquela escola – como faço várias vezes por dia –, deparei com o busto, ou melhor a cabeça, outra vez com o nariz destruído. Um choque terrível: parece impossível que tenha levado mais de vinte anos para ser recuperado o monumento e em menos de dois meses tenha voltado a ser vilipendiado.

Procurei me inteirar do acontecimento na própria escola. Como de outras vezes, não en­­contrei ninguém da direção ou quem pudesse me dizer algo sobre tal vandalismo. Ainda no hall de entrada esperava por al­­guém, que não apareceu. Ob­­servei que a placa de bronze em homenagem a outra grande mestra, professora Isolda Schmid – que foi a primeira diretora do Grupo Escolar Júlia Wanderley, já em 1947 –, estava encoberta por um cartaz do curso de turismo, numa atitude de desrespeito à memória da mesma e dentro da própria escola. Que se pode esperar depois de tal ocorrência?

Coincidências e lambanças. Recebi telefonema de Maurício Requião se penitenciando por não ter recuperado o busto da mestra quando ele era secretário da Educação e ainda afirmando que Justiniano de Mello e Silva, seu ancestral, foi professor da própria Júlia Wanderley por volta de 1890. Contou, ainda Maurício, que foi aluno do colégio na sua infância. Seu irmão Roberto foi governador por três vezes e nas eleições sempre votou naquele colégio. É curioso que tantas vezes lá esteve e nunca observou o nariz mutilado da mestra. Isto é até compreensível, pois que desde sempre esteve preocupado pelo seu próprio apêndice nasal.

Agora a grande lambança vem de Cascavel. Naquela cidade existe um vereador, que por coincidência é do mesmo partido do ex-governador. Pois tal edil possui um espaço na internet com o título Portal de Notícias de Cascavel. Nesse dito portal aparece a matéria publicada aqui na Gazeta do Povo e nesta página da Nostalgia no dia 26 de julho de 2009, com o desplante de, além de usar o texto integral e até fotografia, não citar o nome do jornal e omitir o nome do autor, que sou eu. Aparece o tal vereador como sendo o próprio articulista da matéria. Gostaria de saber como o senhor Julio Cesar Leme da Silva, nascido em 1967 no interior de São Paulo, conseguiu entrevistar, em 1972, o filho de dona Júlia Wanderley contando apenas 5 aninhos de idade. Essa é mais uma lambança, bazófia, gabolice e outras peripécias patéticas que a internet se permite.

Um recado final para quem quer que dirija o Colégio Es­­ta­­dual Júlia Wanderley: que se re­­cupere definitivamente a ca­­beça esculpida em granito da ilustre professora e, com o respeito que a sua memória merece, seja o monumento recolhido para o hall de entrada do estabelecimento onde estará livre das ações de mentecaptos.

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