Todo ano, sempre tem leitor lembrando para que a gente não esqueça de fazer uma Nostalgia dos velhos carnavais curitibanos. Pois cá estamos outra vez com imagens das folias momescas de antanho.
Antigamente o nosso carnaval era quente, o povão ia para a Rua XV fazer a sua esbórnia. Logo no início do século passado, além de confetes, serpentinas e lança-perfumes, o chamado entrudo era comemorado com a turma aboletada nas sacadas dos sobrados jogando bolotas de cera recheadas de água de cheiro na turma que passava na rua. Tais embalagens eram denominadas laranjinhas. Entretanto sempre havia algum gaiato que lançava o conteúdo de um balde, cheio dágua ou de outros líquidos menos nobres.
O carnaval de Curitiba, como era antigamente, morreu, tanto o de rua como dos clubes e das sociedades operárias. Esses últimos não são um privilégio curitibano. Em muitas outras cidades brasileiras, principalmente aqui do Sul, os bailes carnavalescos desapareceram graças ao custo dos direitos autorais.
O curitibano não perde a oportunidade de festejar os dias animados dos carnavais do litoral. Aliás, o povo da orla é mais chegado às comemorações de momo. O fandango, dança típica das nossas populações de beira-mar, produziu a alimentação peculiar para aguentar-se o tríduo da farra do bate-pé, o barreado; que é o prato característico do litoral paranaense usado em seu princípio como sustento no carnaval.
Acabaram-se as guerras de confetes e serpentinas, os lança-perfumes foram proibidos há quase cinquenta anos, mas as músicas de carnaval, principalmente as marchinhas, são as mesmas criadas há meio século. Até é interessante se perguntar para onde vão os direitos autorais dessas velhas composições: serão entregues aos seus autores em alguma sessão espírita?
Quem fica em Curitiba durante o carnaval desfruta de uma paz e de uma tranquilidade de fazer inveja a qualquer casa de repouso: quase não se vê trânsito pelas ruas, ressalvando os turistas anversos à folia e que vêm desfrutar a calmaria da cidade. O próprio curitibano procura se ocupar durante o feriado para ajeitar suas coisas. Alguns ainda têm a pachorra de assistir à mesmice dos desfiles das escolas de samba pela televisão, o que, diga-se de passagem, é uma chatice.
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