Na última quinta-feira, dia 29, Curitiba comemorou a data da criação de sua Câmara de Vereanças, ocorrida em 29 de março de 1693. Data essa escolhida para ser comemorada como da fundação da cidade pelo historiador e político Romário Martins, em 1906. Romário é tido como um dos maiores historiadores do Paraná, ainda em que lhe pese a pecha de ser também um grande criador de mitos e lendas em torno de seu trabalho.
Curitiba tem suas datas de aparecimento desde 1649, quando Eliodoro Ébano Pereira informa ao capitão-mor Gabriel de Lara que havia instalado a Vila de Curitiba, às margens do Rio Atuba. O mesmo Ébano Pereira comunica ao Reino de Portugal, em 1654, que havia fundado as vilas de Curitiba e de Iguape.
Para que se concretizassem tais fundações, as ditas localidades, obviamente, já deviam estar ocupadas por colonizadores. O que de fato podemos constatar pela ata da ereção do Pelourinho em Curitiba no ano de 1658, com a presença do capitão-mor Gabriel de Lara, que deixou como autoridade e capitão povoador Matheus Martins Leme. Este governou a Vila de Curitiba durante 25 anos, sendo então instado pela população a criar a justiça e a vereança, o que veio a ocorrer em 29 de março de 1693. Entretanto, Curitiba já existia como área habitada pelo homem branco há 44 anos. Valeu o poder político para designar a data da fundação e não a ocupação humana, na figura dos moradores que colonizavam o espaço.
Das lendas e mitos que Romário Martins criou, sempre usando o indígena em papel destacado, a mais difundida é a do cacique que conduziu os moradores da Vilinha do Atuba até o local onde se assenta a atual Praça Tiradentes, e, enfiando um cajado no chão, proclamou: "Aqui é o lugar!" (Taki keva), como indicando o sítio onde os brancos deviam ficar. Contava ainda Romário: "O cajado de madeiro verde, com o tempo, brotou e transformou-se em frondosa árvore florida". Assim o historiador floreava suas narrativas, mais dignas de um bom contador de causos.
Como documentação iconográfica, Curitiba possui poucas ilustrações e todas feitas, a partir de 1850, por estrangeiros que visitaram a cidade ou por aqui trabalharam, como Elliot ou Debret. A presença desse último, tida como em 1827, é discutível haja vista o aspecto irreal da então vila. Para matar a curiosidade de como seria a urbe curitibana de antigamente, além das gravuras, temos as primeiras fotografias da cidade, raríssimas e também produzidas por fotógrafos itinerantes, por volta de 1870. Aspectos urbanos foram gravados por fotógrafos pioneiros a partir de 1880, tendo como autor o alemão Adolph Volk e, a partir de 1890, com os irmãos Weiss.
Para termos uma pálida ideia de como seria a cidade em seus primórdios, vamos à apresentação de algumas das fotos mais antigas de Curitiba. As imagens foram produzidas 200 anos depois da fundação da Vila de Curitiba.