A moda está voltando, na década de 1950 foi o seu auge. A cidade já conhecia o seu valor desde o século 19, quando os alemães que gostam imensamente de fundar clubes e sociedades já tinham uma agremiação uniformizada e com estandarte. Era o primeiro clube de ciclistas de Curitiba fundado em 1895.
As magrelas eram importadas pela Casa Paulo Hauer, na qual eram vendidas as famosas bicicletas Dürkop. Outro estabelecimento pioneiro pertencia ao espanhol Laffite que tinha um posto de vendas e consertos conhecido como Oficina Central Laffite.
A bicicleta foi a primeira condução mecânica que rodou pelas ruas de Curitiba, há quase duas décadas, antes do primeiro automóvel aparecer por aqui, em 1903. A condução dos curitibanos se restringia aos cavalos de montaria, caleças e carruagens de aluguel, charretes particulares. Além dos bondes de mulas inaugurados em 1887 existiam as bicicletas, que não eram baratas e que serviam como transporte para muitos cavalheiros e damas da elite.
Gustavo Fruet resolveu inovar em sua posse, seguindo da Câmara Municipal, encarrapitado em cima de uma bicicleta, até a sede da prefeitura. O trajeto, alegre por sinal, foi acompanhado por um séquito de ciclistas daquela turma que cada vez aumenta mais. Não deixa de ser um recado para o povão usar mais a condução de duas rodas para se locomover pela city.
Agora vem um senão. A bicicleta é um bom meio de transporte em Curitiba? Nada melhor para nos dizer sobre isto do que alguém que viveu 70 anos fazendo peripécias em cima de bicicletas. Esse cara é o fotógrafo José Kalkbrenner Filho, que foi campeão brasileiro e vice-campeão sul-americano de ciclismo. O Kalk, hoje com 81 anos de idade, andou de bicicleta até dois anos passados. Alega a razão dessa sua parada ao fato que em Curitiba se corre um grande risco ao transitar pelas ruas da cidade em cima de uma magrela, pelo lance de que os veículos automotores não respeitam as conduções movidas a pedaladas. Como diz ele: Os carros tocam em cima e não querem nem saber!
Tal afirmação me transporta ao meu tempo de piá. Meu pai, o véio Lulo, possuía uma bela bicicleta e resolveu se desfazer dela pelo mesmo problema: os condutores dos automóveis se consideravam donos das ruas e não respeitavam os ciclistas. A bicicleta foi vendida e, pasmem os leitores, o ano era o de 1942.
O Kalkbrenner entretanto não desistiu das duas rodas. Gira pela cidade e até faz suas viagens em cima de uma motocicleta, sempre observando que bicicleta é uma bela condução em cidades da Europa, onde a educação dos motoristas nem se compara com os daqui. O que não deixa de ser uma pena, haja vista a insistência das autoridades em que a população adote a bicicleta como meio de transporte, como deu o exemplo o nosso prefeito. Se bem que a sua pedalada entre a Câmara e a Prefeitura foi feita com todo o trajeto interrompido ao trafego de automóveis. Como diria o Chicão: Assim até eu me refestelo em cima de uma magrela!