Rua do Batel em 1913. Hoje, avenida de grande movimento. Daí só resta o velho prédio da Cervejaria Cruzeiro, onde existiu uma churrascaria| Foto: Acervo Cid Destefani

O Colégio Estadual do Paraná, em fase final de sua construção no ano de 1948. Ao fundo, o ambiente ainda desprovido de prédios

CARREGANDO :)
A Rua do Rosário e uma vista do sul de Curitiba feita em 1925, quando a cidade vivia hibernada em sua placidez
O portão do Passeio Público, da esquina da Rua Carlos Cavalcanti, mudou de aspecto algumas vezes. Vemos aqui o instalado na década de 1950, com seu comércio atrativo à infância
A Praça Rui Barbosa passou de um descampado em 1954 para um local urbanizado. Ao raiar de 1960, possuía até fonte luminosa com direito a garças de cimento
O Coreto Mourisco do Passeio Público trazia aos frequentadores retretas que animavam as domingueiras. Foto de 1925
CARREGANDO :)

O mês de agosto está em seu princípio, entra a galope anunciando que já estamos no segundo terço de 2014, mais quatro meses acaba o ano. Lembro que nos meus tempos de piá o mês de agosto era especial, por ser uma época em que a incidência dos ventos era mais forte e que a natureza os usava para derrubar as últimas folhas que secaram no inverno, o que para a piazada em geral não significava muita coisa.

Publicidade

A importância dos ventos constantes movimentava a gurizada atrás de paus de uvá e de painas que, junto com os coloridos papéis de seda, proporcionavam o fabrico de raias, tanto as de rabos como as bidês, para serem empinadas pelos descampados que existiam em todos os cantos da cidade.

Não chegue perto da cachorrada nas ruas, não esqueça que agosto é mês de cachorro louco, assim era o aviso que pais e mães davam aos seus rebentos espoletas. Por alguma razão, muita gente resmungava que: agosto é o mês do desgosto. E ai se o dia 13 caísse numa sexta-feira, tinha gente que se enchia de ramos de arruda e nem saía de casa. De uns tempos para cá, quando agosto proporcionava um maior número de acidentes aéreos, o pessoal ligado a esse tipo de transporte costuma exclamar: Cuidado! A bruxa está solta!

Com mais de meio século mastigando todo o tipo de notícia, sou do tipo: Não acredito em bruxarias! Mas que tem, tem. No momento, a tragédia que tomou conta dos noticiários e abalou fortemente o juízo do público foi o acontecimento trágico do menino que teve o braço estraçalhado por um tigre do zoológico de Cascavel. A maneira de como a fatalidade aconteceu deixa-nos refletindo: quais as razões dos adultos, que viam a cena do menino molestando a fera, não haverem interferido, sendo que entre eles estavam visitantes do zoo, funcionários do estabelecimento e o próprio pai da vítima?

Os visitantes fotografavam a estripulia do menino, o pai devia estar achando que estava tudo certo e, segundo pessoas que cuidavam do zoo, o tigre de 200 quilos, que estava sendo importunado, era calmo e manso. Podia ser, mas fera é fera. Entretanto, o que me leva crer de tamanha indiferença coletiva, incluindo aí a maneira inocente que o menino achou estar brincando com um gatinho, aconteceu sugestionada pelo que vemos em larga escala pela mídia.

Quantas vezes a televisão mostra a intermediação dos humanos com animais de grande periculosidade. Aventureiros que enfrentam leões na África, pessoas que se deixam abraçar e até rolam com tigres albinos, outros que provocam cobras peçonhentas cara a cara. É uma quantidade enorme de pessoas querendo provar que tais feras tratadas com carinho podem até compartilhar da cama e mesa desses malucos e, certos programas de tevê mostram isso com a maior naturalidade. Vai que o menino, e também seu pai, estavam achando que aquele tigre lá de Cascavel não passava de mais um brinquedinho que estão acostumados a ver na telinha? Deu no que deu: Tragédia!

Publicidade

Para desanuviar o domingo, publicamos fotografias do passado de Curitiba, quando a única coisa que preocupava a piazada, no mês de agosto, era o surgimento de algum cachorro louco.

Dê sua opinião

O que você achou da coluna de hoje? Deixe seu comentário e participe do debate.