O Passeio Público desde a sua fundação, em maio de 1886, teve seu lago formado pelas águas do Rio Belém, que se tornaram poluídas pelos dejetos químicos lançados pelo curtume que existia no atual Parque São Lourenço. Hoje, o lago recebe água de poços artesianos. Foto de 1947| Foto: CD/Arquivo
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No último dia 22 foi comemorado, nos mais diversos cantos do globo terrestre, o Dia Mundial da Água. Aqui, por Curitiba, não se teve notícia de alguma comemoração importante; entretanto, o governo do estado estará promovendo, neste domingo, uma reunião de técnicos em Toledo. Haverá palestras sobre tratamentos de água potável e de esgotos, com demonstração em maquetes de como funcionam as estações para tais serviços.

Nasce no município de Curitiba o segundo rio mais poluído do Brasil: o Iguaçu, que perde unicamente para o primeiro lugar, que fica com o Rio Tietê de São Paulo. Esse título nada honroso foi adquirido com o crescimento da cidade e o descaso governamental em tratar de instalar uma estação de tratamento na foz do Rio Belém, assim como outra na afluência do Rio Barigui – ambos rios recolhem a maior parte dos dejetos de Curitiba.

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A bacia hidrográfica de Curitiba – com mananciais abundantes que deságuam nos rios do Ivo, Belém, Barigui e Atuba – colabora sobremaneira no transporte de toda classe de pestilências e imundícies, que percorrem abaixo dos calçamentos lançando pelas bocas de lobo os insuportáveis miasmas nos ares desta nossa dita capital ecológica.

Também neste domingo, os frequentadores do Parque Barigui estarão participando de um evento em homenagem ao discutível aniversário de Curitiba. Serão distribuídas 6 mil fatias de um bolo que pesa meia tonelada. Não deixará de ser uma oportunidade para observar as águas do lago ali existente. Contribuem para a sua existência dois rios, altamente poluídos, que são o Barigui e o seu afluente Rio Uvu, que vem do bairro de Santa Felicidade.

As cidades ditas de primeiro mundo, principalmente as europeias, trataram de recuperar seus rios – como o Sena, em Paris, e o Tâmisa, em Londres. Por aqui, o descaso é enervante; não é concebível que os governos central, estadual e municipal continuem na ignorância tão séria, como a de salvar as águas para os povos vindouros. No futuro o povo terá um desenvolvimento intelectual majestoso; será, então, que a nossa geração vai ser vista como uma horda de bárbaros de existência apenas fisiológica?