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Beirando os oitenta muitas vezes fico matutando que já vi tudo o que o ser humano é capaz de fazer em cima da crosta terrestre. Como diria um velho e antigo professor de português que foi meu mestre na Escola Americana, Colégio Belmiro Cezar, também extinto há largos anos: Triste engano!

Quando piá vivi o tempo da 2a. Guerra, quando ela terminou estava com nove anos. Tem vezes que olho para aqueles tempos e lembro que o pão de trigo branco só existia quando vinha de contrabando da Argentina, ao preço do Cambio Negro, gasolina não existia. Outra coisa que era contrabandeada de los hermanos eram peças e pneus, afinal los gringos eram neutros.

  • Tradicional sociedade alemã, durante a Guerra foi obrigada a mudar de nome para Duque de Caxias.
  • O curitibano possuía os bondes como conduções que não dependiam de combustíveis. Os mesmos viviam lotados na época da 2ª. Guerra.
  • A Escola Alemã foi obrigada a mudar o nome para Colégio Progresso, entretanto os tipos físicos dos alunos indicam a origem. Em 1938.
  • A antiga Escola Americana, depois Belmiro Cesar, desfilando com uniforme impecável e na cadencia correta. Em 1938.
  • Mesmo depois da Guerra existiam colégios com fardamentos como o Instituo Santa Maria em setembro de 1946. Os Irmãos Maristas não gostavam do apelido: Urubu de Papo Branco.
  • O Instituto de Educação, apesar de colégio feminino possuía um uniforme que lembrava um certo ar militar. 5 de setembro de 1943, Dia da Raça.

O Brasil maior produtor de cana de açúcar do mundo não tinha o produto para adoçar o café, que era feito com milho torrado e adoçado com mel, o que causava infecções e grosseirões. Como não se produzia trigo, apenas centeio, as donas de casa davam graças quando era possível se produzir uma broa, quando na maioria das vezes era usado o fubá de milho para tais broas ou, então, com o fubá, era feito uma espécie de um cuque que era conhecido como: Mata-Fome.

Com o racionamento da gasolina os bondes elétricos viviam lotados, a diversão eram os cinemas, onde a maioria dos filmes mostrava as forças armadas americanas destroçando japoneses e alemães. Até as revistas infantis mostravam heróis superpoderosos arrasando os inimigos, eram os gibis criados na América do Norte e traduzidos aqui para o Brasil, onde faziam a cabeça da piazada.

Não só a criançada ficava no embalo das coisas certas: os adultos colaboravam para que se criasse que italianos e alemães eram inimigos, principalmente os últimos que, mesmo nascidos aqui, sofriam todos os tipos de agressões, sendo os clubes sociais obrigados a trocar seus nomes e, pior ainda, gerando os famigerados quebra-quebras em instituições que eram reconhecidamente de descendentes de antigos imigrantes.

As escolas e colégios faziam questão de uniformizar seus alunos com fardas imitando militares. Nos desfiles que eram feitos em todas as datas nacionais existia a questão absoluta de uma ordem unida impecável, chegando mesmo a uma competição não oficial para se apontar a instituição que se apresentou com maior garbo.

Hoje não estamos em guerra, mas é como naqueles tempos do Cambio Negro: a roubalheira é mais descarada, o escândalo da Petrobras e outros, como o da Fifa, provam que não é necessário existir uma hecatombe para que a turma da mão grande deixe de perambular por sobre a crosta terrestre e se acomode abaixo da mesma.

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