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A imagem preferida é da Avenida João Pessoa (Luiz Xavier), talvez por ser ali que sempre aconteceram os fatos mais importantes da cidade e os mais fotografados. Na foto de 1932, vemos um desfile militar, completamente sem assistência | Arquivo CD
A imagem preferida é da Avenida João Pessoa (Luiz Xavier), talvez por ser ali que sempre aconteceram os fatos mais importantes da cidade e os mais fotografados. Na foto de 1932, vemos um desfile militar, completamente sem assistência| Foto: Arquivo CD
  • Uma das últimas casas coloniais da cidade, demolida em 1941. Ficava na esquina da Rua Emiliano Perneta com a Rua Voluntários da Pátria
  • Em 1901, a Rua XV de Novembro possuía um parco movimento de pedestres e cavaleiros. Na foto, a esquina com a atual Rua Monsenhor Celso
  • Nessa esquina, Rua XV com Monsenhor, tem uma casa sem janelas. Ela foi construída no século 19 pelo português Manoel da Costa Cunha, cuja loja foi saqueada pelos gaúchos na revolução de 1894. A casa não tem janelas, em compensação tem 64 portas. Ali, funcionou o Banestado
  • A primeira quadra da Rua XV, vista da Rua Dr. Murici em direção à Praça Osório, quando aquele trecho sofreu o seu primeiro alargamento, em 1927
  • Vista de Curitiba, tirada da torre do Colégio Divina Providência em direção ao Sul. A foto é de 1928

Sapo coaxando no banhado, galos cantando nas madrugadas, apitos dos trens, tropel de cavalos, zunido dos bondes, o realejo com o periquito da sorte e outros tantos sons e rumores que se perderam nas noites dos tempos poucos deles ainda lembramos. O funeral daquele figurão em coche ornado com cortinas de tule preto com debruns dourados, tirado por quatro cavalos brancos e no séquito vai a banda executando a Marcha Fúnebre, todo mundo a pé, até ao cemitério. Quem viu, viu.

Padre de batina, freira com hábito negro e chapéu engomado aza de gaivota, vendedor de barquilha anunciando o produto com batidas de matraca. Sorvete! Dolé! Esquimó! Apregoa o sorveteiro aboletado na gaiota, rematando com notas estridentes da sua flauta de Pan. Cibola! Repoio! Mio Verde! Ovo! Galinia! Uia, cavalo porquera! A cantilena das colonas italianas de Santa Felicidade.

O amolador de facas tirando notas de seu rebolo. O soldador de panelas fazendo do som na frigideira a propaganda do seu trabalho. Tainha, peixe fresco! Apregoa o peixeiro, com seus cestos presos no varal apoiado no cangote e atiçando o apetite da gatarada por onde passava. Sons e visagens que se perderam no espaço e no tempo; manias e costumes que fizeram as ruas de Curitiba ser mais alegres, mais humanas. Infelizmente, não adianta lamentar os tempos idos.

Ruas barrentas, campinhos de futebol, a alegria da piazada. Tempo de empinar raias, tempo de soltar e correr atrás de balões. Tempo de jogar búrico, com bolinhas ganhadoras. Tempo de pião, de bete-ombro, de jogo do bafo e de tique. Tempo de jogar futebol com bola de meia, tempo de andar descalço e de furtar frutas nos quintais da vizinhança. Tinha cada quintal que era uma mina de frutas. Tempo de matinês de domingo com direito a negociar, do lado de fora, os gibis já lidos. Tudo isso é tempo que já se foi.

Para matar a saudade restaram duas ou três coisas. As construções mais antigas que escaparam da ganância imobiliária, as histórias contadas pelos mais velhos (que tenham boa memória) e as fotografias antigas, que também servem para mostrar como eram as coisas naqueles velhos tempos da saudosa e pacata Curitiba.

Como a função desta página memorialista da Gazeta do Povo é reviver imagens históricas, vamos a elas.

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