Sapo coaxando no banhado, galos cantando nas madrugadas, apitos dos trens, tropel de cavalos, zunido dos bondes, o realejo com o periquito da sorte e outros tantos sons e rumores que se perderam nas noites dos tempos poucos deles ainda lembramos. O funeral daquele figurão em coche ornado com cortinas de tule preto com debruns dourados, tirado por quatro cavalos brancos e no séquito vai a banda executando a Marcha Fúnebre, todo mundo a pé, até ao cemitério. Quem viu, viu.
Padre de batina, freira com hábito negro e chapéu engomado aza de gaivota, vendedor de barquilha anunciando o produto com batidas de matraca. Sorvete! Dolé! Esquimó! Apregoa o sorveteiro aboletado na gaiota, rematando com notas estridentes da sua flauta de Pan. Cibola! Repoio! Mio Verde! Ovo! Galinia! Uia, cavalo porquera! A cantilena das colonas italianas de Santa Felicidade.
O amolador de facas tirando notas de seu rebolo. O soldador de panelas fazendo do som na frigideira a propaganda do seu trabalho. Tainha, peixe fresco! Apregoa o peixeiro, com seus cestos presos no varal apoiado no cangote e atiçando o apetite da gatarada por onde passava. Sons e visagens que se perderam no espaço e no tempo; manias e costumes que fizeram as ruas de Curitiba ser mais alegres, mais humanas. Infelizmente, não adianta lamentar os tempos idos.
Ruas barrentas, campinhos de futebol, a alegria da piazada. Tempo de empinar raias, tempo de soltar e correr atrás de balões. Tempo de jogar búrico, com bolinhas ganhadoras. Tempo de pião, de bete-ombro, de jogo do bafo e de tique. Tempo de jogar futebol com bola de meia, tempo de andar descalço e de furtar frutas nos quintais da vizinhança. Tinha cada quintal que era uma mina de frutas. Tempo de matinês de domingo com direito a negociar, do lado de fora, os gibis já lidos. Tudo isso é tempo que já se foi.
Para matar a saudade restaram duas ou três coisas. As construções mais antigas que escaparam da ganância imobiliária, as histórias contadas pelos mais velhos (que tenham boa memória) e as fotografias antigas, que também servem para mostrar como eram as coisas naqueles velhos tempos da saudosa e pacata Curitiba.
Como a função desta página memorialista da Gazeta do Povo é reviver imagens históricas, vamos a elas.
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