Onobre leitor já imaginou um dia acordar e não encontrar alguém em parte alguma? Ficar se beliscando para ter certeza de que está acordado e que não sofre os efeitos de um terrível pesadelo? Hoje, a Nostalgia mostra, em suas fotos, uma Curitiba de ruas vazias por onde vagam invisíveis os fantasmas do passado.O que estaremos vendo não é nenhum truque fotográfico, tampouco alguma técnica fabricada no computador. Existem realmente momentos em que a cidade se livra de seus transeuntes, fica estática e sem rumor algum para mostrar que por ali existe vida. Não encontramos pedestres tropeçando nas terríveis calçadas de petit-pavé, nem carros se desmontando ao transitar pelos buracos dos bairros, que a prefeitura insiste em chamar de ruas. Não vemos nem um cão vadio mijando em postes. A cidade está morta.
Na véspera da calmaria, Curitiba foi bombardeada por estrondos e clarões; estampidos metralhavam esquinas, quintais, praças e parques, matando tudo que de velho fosse encontrado. Uma limpeza feita ao som de canhões, uma barulhenta faxina para que, no limiar da aurora, a cidade surgisse limpa das mazelas humanas e entrasse imaculada para o futuro. Tudo isso está preso a um ritual que reverencia a cada 365 dias, na entrada do Novo Ano.
O dia 1.º de janeiro amanhece como vemos nas fotografias feitas naquela data, nos anos de 2007 e 2008. Neste ano de 2012, em que o seu primeiro dia, além de ser feriado, é domingo, Curitiba só vai ressuscitar após o meio-dia. Afinal de contas, ninguém é de ferro.
Vamos deixar as nossas ruas, durante a manhã, livres para que os espíritos dos que aqui viveram nelas transitem e exorcizem todo e qualquer malefício que tente sobreviver do ano que passou. Amigos leitores, estamos entrando em 2012, um ano de transições. Vamos torcer, portanto, para que todos tenhamos de fato um Feliz e Próspero Ano Novo.