No domingo passado a Nostalgia iniciou uma série de abordagens históricas sobre a aviação por estas paragens, em homenagem aos cem anos da invenção do avião pelo brasileiro Alberto Santos Dumont. Continuamos, hoje, apresentando fotografias dos acontecimentos a partir do ano de 1909. Já em 1876 houve a apresentação de um aeronauta e artista de circo que subiu pendurado num balão, indo aos ares a partir da atual Praça Tiradentes e descendo três quilômetros adiante. Infelizmente não existe registro fotográfico do feito.
Foi em abril de 1909 que uma equipe espanhola chegou a Curitiba para fazer demonstrações com um balão denominado "Granada" e no qual subiria pendurada no mesmo a aeronauta Maria Aida. Tudo programado para a dita ascensão, que seria no Passeio Público com a cobrança de ingresso ao valor de um mil réis. Várias tentativas foram feitas, as quais malograram. A cada uma delas o Diário da Tarde desancava o insucesso.
Finalmente, no dia 21 de abril de 1909, o balão subiu levando pendurada a corajosa espanhola. Corajosa porque o "Granada" mostrava uma série de remendos em suas cicatrizes causadas por aterragens acidentadas. O destino, segundo o vento que soprava lentamente, seria a Praça Tiradentes. Entretanto o balão, que fora preenchido com ar quente na sua partida, perdeu força e, depois de alcançar grande altura, desceu sobre a Catedral onde ficou engatado no lanternim central do telhado do templo.
Com uma pequena escoriação em um dos pés, Maria Aida foi resgatada sã e salva sendo ovacionada pelo público que a esperava na frente da Catedral. A aeronauta agradeceu o carinho dos curitibanos e declarou que Curitiba, vista do alto, era muito bonita e cercada pelo verde da vegetação.
Cinco anos se passaram para que houvesse outra aventura aérea na cidade. Também foi no mês de abril, desta vez no ano de 1914. Cícero Marques, arrojado piloto, chegou à cidade com seu avião, desmontado e transportado por trem desde Paranaguá, para fazer demonstrações nos céus de Curitiba. O local escolhido para as decolagens e aterrissagens foi a raia do Prado do Guabirotuba, apesar da diretoria do Internacional FC ter oferecido o seu campo, o mesmo que hoje é do Atlético, lá na Baixada, para as aludidas demonstrações.
O aeroplano de Cícero Marques trazia em sua cauda o nome: Bahiano. Montado o aparelho, o primeiro vôo deu-se no dia 5 de abril com a presença do presidente do estado e do prefeito de Curitiba, além de grande público assistente, que também pagou um mil réis para ver o espetáculo. O Diário da Tarde apontava a falta de colaboração monetária do pessoal, que resolvera assistir à demonstração do primeiro avião que apareceu nos ares da cidade do lado de fora do Prado, sem pagar a devida entrada.
Cícero Marques fez diversas apresentações, tendo inclusive numa delas sofrido um acidente sem maiores conseqüências houve apenas a quebra da hélice do aparelho. A fábrica de pianos do Essenfelder construiu outra que foi muito elogiada pelo piloto que, sem querer, fez o curitibano desejar alcançar as alturas. Estava plantada a semente do que seriam as futuras incursões aeronáuticas aqui da terra, desejo reforçado com a presença de Santos Dumont em Curitiba, assunto para o próximo domingo.
Ilustramos a Nostalgia deste domingo com fotografias das peripécias dos primeiros vôos ocorridos na cidade e que foram devidamente documentados.
Na primeira foto vemos o balão "Granada" se elevando entre as árvores do Passeio Público em 1909.
Na próxima foto aparece o avião Bahiano levantando vôo na raia do Prado, em 1914.
Nas terceira e quarta fotos vemos os retratos da aeronauta Maria Aida e do piloto Cícero Marques em frente ao seu aeroplano.
Na quinta foto notamos, em imagem aproximada, o balão tendo em baixo Maria Aida que abanava a bandeira nacional dando vivas ao Brasil enquanto alcançava as alturas.
A curiosidade popular diante da visão do aeroplano de Cícero Marques era grande e muitos se posicionaram junto ao mesmo para ser fotografados como vemos na quinta imagem. Até os fotógrafos posaram junto ao Bahiano, como se vê na sétima e última foto.